Cerca de mil trabalhadores de mais de 30 entidades sindicais de todo o Estado de São Paulo participaram da manifestação do “Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”.
O evento, organizado pela Secretaria de Saúde da Força Sindical São Paulo, foi realizado nesta terça-feira, 28 de abril, no auditório do Palácio do Trabalhador, Liberdade, sede da Força e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. A data, 28 de abril, teve origem em 1969, quando 78 mineiros morreram após explosão na mina de Farmington, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.
Na abertura do evento, o secretário de Saúde da Força São Paulo, João Scaboli, leu um manifesto de solidariedade às vítimas e aos familiares de acidentados no trabalho. “A cada 3 horas, acontece 1 morte no Brasil. A cada 15 minutos, cerca de 14 acidentes acontecem. É uma estatística preocupante e triste. Por mais que inúmeras pessoas estejam lutando para que esses números caiam, os acidentes que mutilam ou matam trabalhadores e trabalhadoras continuam acontecendo. Por isso nosso trabalho não pode parar”, disse Scaboli.
Paulinho, presidente da Força Sindical
O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou que, além das campanhas por aumento de salário, os sindicatos precisam sempre se preocupar com a saúde e a segurança do trabalhador. E lembrou do acordo liderado na década de 1990 pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo que obrigou todas as empresas a instalar botões manuais de segurança nas prensas que mutilavam as mãos dos trabalhadores.
Danilo, presidente da Força Sindical/SP
Danilo Pereira da Silva, presidente da Força São Paulo, também ressaltou o trabalho desenvolvido pelos sindicatos nas ações de prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Mas pediu o estabelecimento de tarefas e desafios nessa área. “Temos que exigir que o INSS mova ações regressivas contra os responsáveis pelos acidentes e doenças para que esse mal deixe de existir”, desafiou Danilo.
Juruna, secretário-geral da Força Sindical
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, ressaltou a importância da formação de cipeiros (membros das comissões de prevenção de acidentes) e proclamou: “Os sindicatos fizeram a diferença”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, afirmou que a luta contra os acidentes e as doenças do trabalho deve continuar sendo prioridade para o movimento sindical.
“O nosso Sindicato conta com um Departamento de Saúde e Segurança do Trabalhador em plena atividade para ajudar nesta tarefa e com o MetalVida, unidade móvel com instalações de consultório médico, cabine audiométrica e ambiente próprio para receber trabalhadores e oferecer-lhes informações sobre segurança e saúde do trabalhador, riscos nos ambientes de trabalho, acidentes e doenças e discussões sobre CIPA”, lembra Miguel Torres.
Elza Pereira, diretora de finanças
do Sindicato dos Metalúrgicos de SP
Palestras marcam o evento
As palestras “Os impactos de crise econômica sobre a Saúde dos Trabalhadores”, do Dr. Koshiro Otani, Coordenador do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de São Paulo, e “Sofrimento e Prazer no Trabalho: a relação entre Saúde Mental e trabalho”, do professor Dr. Seiji Uchida da FGV, fecharam com chave de ouro o evento.
Otani argumentou que, sem um trabalho decente, digno, com liberdade, o ser humano sofre desgaste emocional que levam a transtornos psicossomáticos, ao alcoolismo e a dependência de drogas. E lembrou que o Estado tem o dever de oferecer proteção social e serviços públicos de qualidade. “Isso é um direito do cidadão”, disse ele.
Otani pediu que os sindicatos lancem imediatamente uma campanha e cobrem do Congresso a aprovação do projeto que regulamenta o SUS (Serviço Único de Saúde),e que está há dois anos para ser votado. Ele informou que hoje a dotação do SUS é de míseros R$ 0,80 por consulta por pessoa e que esse valor precisa ser aumentado. “O Estado tem que investir na atenção básica de saúde”, defendeu.
Já o Dr. Uchida, que é psicólogo, falou das pesquisas que tem feito na FGV sobre os impactos psíquicos que as novas tecnologias, a automação, a robotização e a informatização causaram na vida das pessoas. Para ele, tudo isso mudou a concepção de tempo dos seres humanos. Uchida explicou ainda como esse novo mundo ajuda na acumulação de capital de uma minoria.
Luisinho, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
O coordenador do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Luís Carlos de Oliveira, o Luisinho, e a equipe técnica do departamento participaram das manifestações. “É fundamental que a sociedade brasileira tenha consciência e exija qualidade não só dos produtos mas também qualidade em segurança e saúde do trabalhador nas empresas”, defendeu Luisinho.
Assessoria de Imprensa da Força Sindical/SP, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM.
Fotos: Jaélcio Santana
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