Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Volvo reajusta salário em 10%. No ABC, impasse

Continuam em greve no Paraná trabalhadores de Volks, Renault e Nissan. Em SP, funcionários pararam por 2 horas

Lino Rodrigues

SÃO PAULO e RIO. A onda de paralisações de trabalhadores das montadoras produziu ontem um primeiro resultado. A Volvo aceitou conceder 10% de reajuste linear a seus empregados, a ser pago a partir deste mês, mais abono de R$ 1.500. As duas partes cederam: os metalúrgicos, que pediam 5% só de reajuste real (acima da inflação), e a empresa, que reviu sua oferta de 1,25% para 2,5%. A fábrica da Volvo, na Região Metropolitana de Curitiba, estava parada há três dias. Continuam parados na região os 8 mil trabalhadores de Volkswagen, Renault e Nissan. Ao contrário da Volvo, as três querem que o reajuste seja apenas a partir de dezembro.

O impasse também perdura no ABC paulista, onde paralisações de uma a duas horas interromperam ontem a produção na Ford, na Volks e na Scania. Até as 21h de ontem, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Sinfavea (das empresas) continuavam reunidos em São Paulo para tentar um entendimento.

De manhã, em assembléias, os trabalhadores decidiram suspender a produção extra para este fim de semana. Eles ameaçam entrar em greve por tempo indeterminado na segundafeira, caso as montadoras não apresentem nova proposta. A entidade não revela a proposta feita aos empresários.

– Acreditamos que as empresas vão oferecer proposta razoável para evitar uma greve que não interessa a ninguém – disse o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, antes da reunião.

Os metalúrgicos da Força Sindical (mais de 700 mil no estado de São Paulo) devem engrossar o movimento na próxima semana.

Ontem, eles fizeram passeata na Avenida Paulista para entregar a pauta de reivindicações à Fiesp.

A campanha envolve 54 sindicatos com data-base em 1ode novembro, e reivindica 20% de aumento salarial e jornada de 40 horas semanais.

A pressão dos metalúrgicos pegou as montadoras com estoques em alta, diz a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O volume de veículos nas concessionárias e na indústria subiu 30% entre julho e agosto, de 23 para 30 dias. Para o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, a alta reflete a acomodação do mercado de carros no país, após sucessivos recordes. As vendas de veículos caíram 15,1% em agosto sobre julho, mas subiram 4% contra igual mês de 2007, atingindo 244,8 mil unidades. Já a produção recuou 1% na comparação mensal e avançou 12,6% na anual.

– Você não pode crescer sempre 25% – disse Schneider. Sobre as negociações com os metalúrgicos, ele afirmou:

– Acredito na maturidade dos atores (sindicalistas e empresários) e que chegaremos a um ponto de equilíbrio com a expectativas dos trabalhadores.

Protesto no Rio deu um nó no trânsito do Centro

No Rio, metalúrgicos da capital, de Niterói e Angra fizeram manifestação em frente à sede da Petrobras, no Centro, pela construção da plataforma P-62 no estaleiro Mauá, de Niterói. Cerca de 3 mil manifestantes iniciaram a caminhada na Praça XV, dando um nó no trânsito. Segundo sindicalistas, a construção da plataforma pode gerar 2.500 empregos no Rio, mas corre o risco de ser levada para outro estado.

COLABOROU Bruno Villas Boas