Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sem CUT, centrais sindicais definem plano antidemissão


Cibelle Bouças e Samantha Maia, de São Paulo

Cinco centrais sindicais, que juntas representam 73% dos trabalhadores filiados a sindicatos no país, definiram nessa quinta-feira um plano de ações emergenciais para tentar estancar o processo de demissões em massa. O acordo foi selado entre Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a Força Sindical. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que representa 21 milhões de trabalhadores no país, preferiu não participar do encontro e ainda mostrou-se reticente em relação à promoção de ações conjuntas.

Na roda de discussões, a polêmica negociação entre Força e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para fechar no dia 22 um acordo de redução de jornada de trabalho e corte de salários foi posta de lado “em nome da unidade sindical”. O clima da reunião foi tranqüilo, mas não faltaram ´alfinetadas´ de sindicalistas que se mostraram contrariados com a negociação entre Força e Fiesp. Do lado da Força, críticas às ausentes CUT e Conlutas – as únicas que fecharam acordos de redução de jornada com redução de salários e de suspensão temporária dos contratos de trabalho. A Força também criticou as decisões recentes do governo federal de reduzir impostos sem exigir das empresas beneficiadas a garantir de manutenção dos empregos.

A reunião durou quase três horas e, diante da dificuldade de definir uma pauta comum em função da discordância das centrais em aceitar a redução de jornada com redução de salário como um dos pontos do plano de ação, o presidente da CTB, Wagner Gomes, pediu formalmente à Força a suspensão das negociações com a Fiesp. O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, cedeu à pressão e aceitou suspender as negociações por dez dias – a previsão anterior era de que as entidades chegariam a um acordo no dia 22.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse apoiar a decisão das centrais. “O Paulinho me ligou hoje, e adiamos a reunião de quinta para segunda, não significará um atraso”, afirmou. Segundo Skaf, as centrais estão alinhadas às reivindicações da Fiesp ao governo federal de redução de juros e tributos relacionados à produção. “Vamos focar toda nossa energia na semana que vem para defendermos essas bandeiras”, diz. De fato, o encontro de sindicalistas resultou em um conjunto de exigências muito similares às defendidas pelo empresariado, contemplando basicamente mudanças na política econômica. “O que vai combater o desemprego neste momento é a política econômica. Medidas trabalhistas só vão amenizar questões locais”, afirmou Paulinho.

As medidas incluem a negociação com governo federal e governos de Estados nos próximos dez dias de medidas de desoneração tributária por tempo determinado a empresas que mantiverem o nível do emprego; exigência de que o governo reduza a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano e cobrança de redução do spread bancário. Na seara exclusivamente sindical, as centrais decidiram fazer paralisações na porta de qualquer empresa que efetuar grandes demissões e manifestação nas capitais e em São Paulo no dia 21, para exigir que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza drasticamente a taxa básica de juros.

Ficou definido ainda, para segunda-feira, uma reunião dos sindicalistas com o presidente Lula. No mesmo dia, em horário a definir, eles devem se encontrar com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O governador José Serra igualmente disse que poderia recebê-los.

Questionado sobre a ausência da CUT à reunião, o seu presidente, Artur Henrique da Silva Santos, disse que a central fará uma reunião na segunda-feira com seus dirigentes para definir estratégia própria. A pauta da CUT inclui cobrança aos governos de redução de tributos e garantia de emprego. Ele considerou “importante” a suspensão das negociações entre Força e Fiesp e confirmou presença na reunião com o presidente Lula na segunda-feira. Sobre as mobilizações, foi enfático: “A CUT não parou de fazer mobilizações nas fábricas que demitem, e vamos continuar fazendo”, disse. Mas não confirmou se promoverá ações em conjunto com as outras centrais.