Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Na posse do ministro do Trabalho, Dilma destaca sobrenome Brizola

Por Yvna Sousa, João Villaverde e Fernando Exman | Valor Econômico
3 de maio de 2012

A cerimônia de posse do deputado federal (PDT-RJ) Brizola Neto no Ministério do Trabalho foi marcada nesta quinta-feira pelos elogios da presidente Dilma Rousseff a Leonel Brizola (1922-2004), avô do novo ministro e líder político pedetista que ocupou os governos do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.

Outros personagens da política brasileira também foram citados, como o ex-presidente João Goulart (1919-1976), aliado de Brizola avô.

“É assim, muito significativa, a circunstância que traz ao cargo de ministro um jovem que representa, inclusive, no sobrenome Brizola, uma história de mais de meio século de lutas sociais, de defesa do interesse nacional e de conquistas de direitos por parte dos trabalhadores brasileiros”, disse Dilma, sob aplausos de uma plateia lotada no Palácio do Planalto –ela própria ex-pedetista. “Não bastasse levar o sobrenome Brizola, o novo ministro do Trabalho carrega consigo a história do seu tio-avô João Goulart, ex-presidente da República.”

Brizola Neto, o mais jovem ministro da Esplanada, com 33 anos, optou por fala similar à de Dilma: “O sobrenome que possuo integra a linhagem de brasileiros ilustres que se inicia com Vargas, prossegue com João Goulart e flui para figura querida e saudosa de meu avô Leonel Brizola. Este sobrenome está – e não pela minha humilde presença – indissoluvelmente ligado a essa trajetória que agora se redesenha com Luiz Inácio Lula da Silva e hoje com Dilma Rousseff”.

Apesar da saída de Carlos Lupi, presidente do PDT, da Pasta do Trabalho em dezembro, sob acusações de irregularidades em convênios com ONGs, Dilma procurou reforçar a parceria com o PDT e suas lideranças.

“Nomear como ministro do Trabalho e Emprego Brizola Neto reforça em meu governo o reconhecimento da importância histórica do trabalhismo na formação do nosso país. Reforça também a nossa parceria com o PDT, aqui presidido pelo Carlos Roberto Lupi, o PDT de Leonel Brizola, de Darcy Ribeiro e de tantos outros líderes históricos e atuais”, disse.

O Ministério do Trabalho ficou por cinco meses sob a gestão do ministro interino, Paulo Roberto Pinto, após Carlos Lupi renunciar ao cargo em 4 de dezembro. Durante esse período, o PDT se movimentou nos bastidores para garantir o domínio sobre a Pasta e tentou emplacar outros nomes de maior consenso dentro do partido. A indicação de Brizola Neto foi uma decisão pessoal da presidente Dilma.

Divergências na legenda

Depois da posse, Brizola Neto admitiu que as divergências no PDT em relação à sua escolha para o ministério “ainda precisam ser equacionadas”, mas disse que “o que tem que conduzir o partido não são preferências pessoais”.

“O que tem que conduzir o partido não são preferências pessoais, o que tem que conduzir o partido são justamente seus compromissos públicos e seu programa partidário”, disse no novo ministro.

Para o presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a posse de Brizola Neto vai pacificar o partido.

Brizola Neto disputava o cargo dentro do partido com o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) e o secretário-geral da legenda, Manoel Dias. “Acho que o [PDT] vai ficar em paz, é natural ter divergências”, disse Paulinho.

Uma das missões dadas pela presidente Dilma ao novo ministro foi justamente apaziguar o PDT, partido que faz parte da base aliada mas que tem ido contra os interesses do governo em votações no Congresso.

O novo ministro descontinuou nesta quinta-feira o blog Tijolaço (alusão às colunas de matéria paga que seu avô publicava em jornais cariocas), em que tecia elogios à gestão Dilma e fazia críticas à mídia.