CNI alerta que compra em excesso de peças do país asiático pode agravar situação
Raphael Hakime, do R7
Ao vender milhões de toneladas de matérias-primas como minério de ferro e soja para a China e não industrializar esses recursos em território nacional, o Brasil abre mão de criar milhões de empregos e ainda incentiva a geração de novos postos de trabalho no país asiático, afirma o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.
– O Brasil deixa de ganhar milhões de empregos [ao não processar as matérias-primas aqui e vendê-las para a China]. Se você pegar quanto a mineração gera de empregos e quanto uma confecção de camisas gera de empregos, a confecção gera 15 vezes mais. Lógico que milhões de empregos, dentro desse perfil de comércio que temos com a China, são gerados lá e deixam de ser gerados aqui.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Flávio Castelo Branco, alerta ainda para as parcerias entre algumas empresas brasileiras e chinesas, em que as estrangeiras se tornam fornecedoras de peças e componentes das nacionais.
Esse recurso, segundo ele, tem sido muito usado nos últimos anos porque “reduz custos e mantém a empresa competitiva no mercado”.
Castelo Branco, no entanto, afirma que essa relação pode ser nociva para o mercado de trabalho se a indústria do país ampliar essa forma de comércio.
– Se todo mundo começar a fazer isso, comprar partes, peças e componentes da China, os fornecedores aqui do Brasil vão ficar sem clientes. O que pode ser visto como uma estratégia bem sucedida para uma empresa, não pode ser vista como uma boa estratégia para toda a indústria brasileira.
Isso significa, segundo ele, que sem compradores aqui, a indústria de peças perde competitividade e deixa de contratar novos funcionários.
– Quanto mais a gente usa de partes e componentes da China e só exporta para lá matérias-primas e recursos naturais, estamos perdendo tecido industrial para a China, o que significa também perder empregos.