Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Emprego cai em novembro. E janeiro será pior

Fabrício de Castro

As demissões na cadeia automotiva levaram a indústria a registrar queda no nível de emprego já no fim de 2008. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem, mostram que, em novembro, o número de ocupados na indústria caiu 0,59% em relação ao mês anterior – o maior recuo desde outubro de 2003. E ao que tudo indica, dezembro e janeiro serão meses ainda piores.

A queda reflete a desaceleração na atividade industrial. “O setor de bens de consumo duráveis, que reúne as empresas do setor automotivo, teve uma clara redução da atividade”, confirma o economista André Macedo, do IBGE.

Os gastos das empresas com a folha de pagamentos real – que inclui salários, horas extras e demais gratificações – também caíram. Em novembro, a queda foi de 2,66%.

Com o agravamento da crise, as empresas passaram a refazer seus planos para 2009. “Todas esperavam crescer por volta de 5%, acompanhando o PIB (Produto Interno Bruto)”, explica o economista Heron do Carmo, da Universidade de São Paulo (USP). “Agora, a previsão de crescimento do PIB é de 2%, e elas estão tendo de se adequar à nova realidade.”

O processo de ajuste é especialmente difícil para a cadeia automotiva, que vinha de uma grande expansão. “As montadoras estavam muito estocadas para o fim do ano e começaram a reduzir o ritmo de produção”, diz Carmo. Para isso, elas deram férias coletivas para os funcionários, antecipando o processo de demissões nas fábricas de autopeças.

Quando os números de dezembro forem divulgados pelo IBGE, eles devem ser ainda piores. “As ações do governo, de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e de incentivo ao crédito, atenuam a situação, mas não resolvem”, afirma o economista Fábio Romão, da LCA Consultores. Ele lembra, porém, que o processo de demissões não vai continuar indefinidamente. “O ajuste já está sendo feito. Depois, as demissões param.”

Os cortes anunciados nos últimos dias vão contribuir para que janeiro seja um dos piores meses do ano. “Será um janeiro negro”, lamenta Nelson Bruxellas Beltrame, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA) especializado em gestão. “Sempre que se fala em redução de custos, 19 de cada 20 empresários brasileiros cortam funcionários”, diz.