Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Indústria

Defesa da indústria nacional une fabricantes de máquinas e engenheiros

Temer, Serra, Pedro Parente, BNDEs e outros agentes do governo e do Estado comandam uma política fortemente antinacional. Suas ações travam o desenvolvimento e escancaram nosso mercado para as multinacionais. Plataformas e até siderúrgicas chegam inteiras, e já montadas, sem gerar um único emprego no Brasil. Empresas brasileiras são proibidas de participar de concorrências.

Esse estado de coisas não pode continuar, e é preciso reagir. Esse tom prevaleceu no evento em prol da indústria, da engenharia e do desenvolvimento nesta segunda (23) na Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em São Paulo. Participaram entidades do setor produtivo, Sindicatos de Engenheiros de todo o País, Federação Nacional dos Engenheiros, Clube de Engenharia do Rio de Janeiro e a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Engenharia e do Desenvolvimento Nacional, presidida pelo deputado Ronaldo Lessa (PDT-AL).

Ante esse panorama gravíssimo, fabricantes de máquinas e engenheiros decidir articular ações urgentes em prol da indústria brasileira, que perde peso no PIB, se desnacionaliza e sofre os impactos de medidas governamentais que vetam empresas de participar de concorrências públicas, especialmente nos setores de petróleo e gás. Segundo fabricantes e profissionais da engenharia, o governo age a serviço do grande capital e das “oil company”, que vão abocanhando nosso petróleo.

A Agência Sindical cobriu o encontro e entrevistou Murilo Celso Pinheiro, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, uma das entidades na linha de frente dessa articulação. O dirigente alerta que decisão no âmbito da Lava-Jato veta empresas nacionais, deixando o mercado para as estrangeiras.

“Isso sufoca nosso setor produtivo, paralisa as empresas, produz forte desemprego. Vale lembrar que, para cada engenheiro empregado, há outros 20 trabalhadores no entorno. As demissões estão atingindo todos os segmentos da mão-de-obra”, comenta Murilo. Ele alerta: “Se essa determinação persistir não será o começo, mas o meio do fim, ou seja, um passo adiante na liquidação das grandes empresas brasileiras e da própria engenharia nacional”.

Dirigentes pleiteiam mais espaço para a empresa nacional

O encontro gerou uma agenda (de 10 pontos) para ações em várias frentes. “Vamos levar nossa pauta a ministros, ao Congresso Nacional e ao próprio presidente da República”, conta Murilo. Ele adianta que a Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia e do Desenvolvimento já marcou reunião em Brasília, em 9 de fevereiro.

Deputado – Engenheiro civil ex-governador de Alagoas e atual deputado federal (PDT), Ronaldo Lessa participou do encontro na Abimaq. Ele endossou o conjunto de ações propostas e orientou os fabricantes de máquinas e os engenheiros a acelerar os contatos no Congresso Nacional.

Empresário – Vice da Abimaq, o industrial César Prata expôs os vários meios pelos quais se dá a desnacionalização. “As ZPEs (Zona de Processamento de Exportação), como ocorre no porto de Pecém, no Ceará, escancaram nosso mercado para as estrangeiras. Teve uma empresa coreana que instalou ali uma siderúrgica, que já chegou totalmente pronta”, contou.

Engenheiros – São contundentes as críticas dos representantes da engenharia (Sindicatos, FNE, Conselhos e Associação) à atual política econômica do governo. Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, foi enfático: “Sem desenvolvimento, haverá corrosão e desagregação social”.

Mais – A Agência Sindical continuará a repercutir o encontro na Abimaq, incluindo a fala do economista e professor Antonio Correa de Lacerda.