Setembro registrou o dobro de postos na região metropolitana de São Paulo em setembro
Paulo Darcie
A indústria da região metropolitana de São Paulo criou 8,9 mil postos de trabalho em setembro, mais do que o dobro dos 4,4 mil de agosto, mostra o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho. Trata-se do segundo mês de números positivos no setor, um dos mais afetados pela crise econômica internacional. Dentre os demais setores, somente o de serviço registrou a criação de mais vagas do que na indústria, com 10,7 mil do total de 29,8 mil novos postos no mês.
Para a professora de economia Anita Kon, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), a alta das contratações na indústria pega carona no aquecimento de segmentos como o de brinquedos, têxtil e de acessórios para as festas de fim de ano, e na volta do otimismo no cenário internacional. “Não dá para ter certeza de que se se trata de uma recuperação definitiva, pois as indústrias estavam ociosas. A recuperação ainda não atinge os níveis de emprego do ano passado”, diz ela. A retomada consistente, afirma a professora, depende do investimento das empresas. “A indústria praticamente não está investindo, e, assim, fica difícil ter um crescimento real.”
Outro estudo, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostra saldo de 14 mil empregos industriais em todo o Estado, o que significa um crescimento de 0,2% em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos da sazonalidade. Comparando-se com os meses de setembro desde 2005, o índice só fica atrás do ano de 2007. “Não é uma retomada sazonal, e sim de vigor. Os números dizem que a indústria está no caminho da recuperação”, afirma o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini.
Para ele, mais importante do que comparar o número de empregados com os anos anteriores – o índice da Fiesp mostra que em setembro de 2009 havia 198 mil vagas na indústria a menos do que setembro de 2008 – é o indício de melhora. “A queda da atividade industrial foi impulsionada, em parte, pelos cortes nas exportações, e voltar a exportar depende da situação dos países compradores”, afirma ele. “O que move a recuperação é o mercado interno”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, comemora a retomada, mas calcula que o número de postos criados poderia ser até três vezes maior do que os quase 9 mil. “A indústria está muito aquecida, mas as empresas utilizam horas extras, para não contratar mais”, afirma. Ele destaca o emprego nas indústrias de eletroeletrônicos, autopeças e têxtil como os motores da recuperação.