Ao manter a taxa Selic (6,5% ao ano), os tecnocratas do Copom (Comitê de Política Monetária) mostram que continuam insensíveis ao sofrimento de 66 milhões de pessoas que estão fora do mercado de trabalho. O Copom segue regiamente a cartilha do mercado, de manter a inflação sob controle em detrimento de 34,1 milhões de pessoas que estão no setor informal, que são os trabalhadores por conta própria e os sem carteira.
Ter um emprego formal e poder sustentar suas famílias com dignidade é o sonho dos trabalhadores, vítimas da crise econômica que assola o País. A quem interessa manter 66 milhões fora do mercado de trabalho?
Na verdade o Copom está com excesso de cautela, e quem ganha com isto são os especuladores. Basta ver o lucro dos principais bancos do País no 1º semestre de 2018.
E o governo tem contribuído para isto. É só conferir os dados da vida real: juros do cheque especial são de 304% ao ano, o crédito rotativo está em 313% ao ano e o crédito não consignado (pessoa física) está em 114,7% ao ano.
É preciso que o governo adote medidas de estímulo ao crescimento econômico para criar novos postos de trabalho a fim de enfrentar a expectativa de desaceleração da economia, que vem caindo.
Uma dessas medidas é a redução da taxa de juros. Manter os juros altos é escolher uma política para privilegiar os especuladores, em vez de destinar os recursos para a produção.
Investir na indústria, comércio e serviços gerará empregos, movimentará a economia e criará um círculo virtuoso que beneficiará a todos.
Miguel Torres
Presidente interino da Força Sindical
Presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes