Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Governo conta com juro para segurar PIB

Folha SP

Equipe econômica acha que BC terá condições de reduzir aperto monetário se economia esfriar demais com crise externa

Assessores de Dilma esperam ação do BC se projeções para taxa de crescimento deste ano ficarem abaixo de 3,5%

VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

A equipe econômica do governo acredita que o Banco Central terá condições de reduzir os juros para estimular a economia neste ano se ela esfriar demais por causa da crise externa.

O governo aposta que o país pode crescer 4% neste ano, mas assessores da presidente Dilma Rousseff acreditam que o BC deveria reduzir os juros se novas projeções indicarem uma taxa de crescimento abaixo de 3,5%.

Na avaliação desses assessores, as primeiras ações para evitar um tombo acentuado da economia brasileira devem vir da política monetária e não da área fiscal, na qual o governo já adotou estímulos nas últimas semanas.

No cenário considerado mais provável no Palácio do Planalto, o BC irá interromper o processo de alta dos juros na próxima reunião do Copom, no final deste mês, e eles serão mantidos em 12,5% até o final do ano.

O receio, porém, é que as turbulências internacionais se intensifiquem nas próximas semanas, desacelerando mais fortemente a economia brasileira e levando a um recuo nas projeções de crescimento do PIB para menos de 3,5% em 2011.

Aí, para evitar uma retração mais forte do crescimento brasileiro, o desejo do Palácio do Planalto é que o BC comece a cortar a taxa de juros ainda este ano e não repita o que ocorreu na crise de 2008/ 2009.

Na época, o banco foi acusado de demorar a reduzir os juros e de ter contribuído para o tombo no crescimento em 2009, quando o país enfrentou uma recessão e a economia retraiu 0,6%.

Na área fiscal, a equipe de Dilma acredita que já baixou os estímulos possíveis, como as desonerações de impostos da política industrial, lançada na semana passada, e a ampliação do Supersimples, anunciada ontem.

Além disso, os assessores da presidente lembram que o consumo receberá um estímulo extra no início do ano por conta do reajuste real de 7,5% do salário mínimo.

Na área fiscal, a orientação de Dilma é de cautela, exatamente para se contrapor ao que está acontecendo nos países desenvolvidos, que enfrentam uma crise de confiança por causa do elevado endividamento público.

Ontem, durante evento do Supersimples, Dilma disse que o governo está “atento” à conjuntura internacional e que tomará as medidas que forem necessárias para proteger o país.

Ela também afirmou que “a crise está revolucionando as bolsas” no mundo” e que uma das formas de o Brasil se proteger é com mercado interno e empresas fortes.

A presidente citou ainda a importância das exportações e pediu que os brasileiros consumam produtos fabricados no país.