Valor Online
Por Ivo Ribeiro
SÃO PAULO – Um ano atrás, a Usiminas era dona de 14% do capital da Ternium, uma siderúrgica criada pelo grupo Techint em 2005 e cujo faturamento está na casa de US$ 9 bilhões. Tinha essa participação, mas nenhum poder de mando. Isso foi dado como razão para desfazer-se das ações por pouco mais de US$ 1 bilhão.
As posições se inverteram. A partir de hoje, o grupo que controla a Ternium é que passa a ter 14% da Usiminas e terá presença efetiva no bloco de comando.
Isso mostra como a siderúrgica mineira não teve fôlego para ser um player de peso, com poder de consolidação, nem sequer na siderurgia latino-americana. Perdeu o bonde da internacionalização e foi engolida, diante da passividade de seus acionistas, cada um com interesses diferentes.
Um retrato diferente do grupo Gerdau, que se tornou o maior grupo de aços longos das Américas, fazendo aquisições do Uruguai e Argentina ao Canadá, adentrando-se pela Europa e chegando à Índia. Com isso, passou a figurar entre as dez maiores siderúrgicas do mundo.
A CSN, com seu estilo atropelador de fazer negócios, até tentou incorporar a Usiminas para criar uma companhia nacional, mas não teve sucesso. O Gerdau também olhou essa alternativa, mas preferiu não pagar tão caro para ser meio controlador.
A Usiminas estacionou no Brasil, com duas usinas – Ipatinga e Cubatão – e nada avançou fora do país. Produz mais aço que a Ternium, todavia a nova controladora tem uma capacidade de fabricação superior e rentabilidade melhor.
O parque fabril da Ternium abrange Argentina, Colômbia, México, sul dos EUA e América Central, com capacidade final de produtos de 10 milhões de toneladas. No México, tem operações de minério de ferro que garantem pouco de 50% de fornecimento próprio da matéria-prima.
A empresa conta com um portfólio de produtos, entre aços planos e longos, bem diversificado. Por meio da Usiminas, poderá acessar o mercado brasileiro, de 26 milhões de toneladas de aço.
Certamente, ganhará mais poder de competição no dia que fundir as operações das duas companhias, criando uma grande empresa nas Américas. Para isso, terá de convencer os executivos da Nippon Steel, com quem já tem uma parceria tecnológica e de produção no México.
Lá, a japonesa fornece tecnologia para a nova laminação de US$ 700 milhões da Ternium e tem 49% na Tenigal, uma empresa de aço galvanizado de US$ 350 milhões que ficará pronta em 2013. (Ivo Ribeiro | Valor)