Raquel Landim
A Tramontina, fabricante de utensílios de cozinha, conseguiu um acordo de preços com o governo da Argentina que vai permitir que a empresa volte a exportar para o país vizinho. A companhia se comprometeu a elevar em 20% os preços dos produtos.
A decisão foi publicada esta semana no Diário Oficial da Argentina e já está em vigor. Graças ao acordo, a Tramontina ficou livre da imposição de direitos antidumping. Os talheres importados da China vão pagar uma tarifa extra de 1.450%.
As empresas brasileiras Di Solle Cutellaria e Metalúrgica Martinazzo também serão submetidas a tarifas de 16,4% e 5,4%, respectivamente. A Tramontina, no entanto, responde por 98% das compras argentinas de talheres brasileiros. Procurada pelo Estado por meio de seu escritório de advocacia, a empresa não se manifestou.
Além de ser submetida a licenças não automáticas de importação, os talheres produzidos pela Tramontina estavam sujeitos a uma tarifa antidumping de 413% desde 25 de fevereiro.
Com a aplicação desse direito antidumping provisório, que agora foi revogado, as exportações ficaram inviáveis. Agora, o mercado deve se retomado, com a ajuda da expressiva tarifa que os argentinos estão cobrando dos produtos chineses.
“Não havia dumping porque os preços da Tramontina são mais caros que os da indústria argentina. Mesmo assim, a empresa aceitou o acordo de preços porque havia muitas evidências de que o governo argentino manteria o direito antidumping”, disse o advogado Wagner de Parente Macedo Filho, do escritório Felsberg & Associados.
A China vinha deslocando a Tramontina do mercado argentino. Conforme dados disponíveis no processo, os talheres brasileiros respondiam por 24% do consumo da Argentina. Essa fatia caiu para 17% no primeiro trimestre de 2008, último dado disponível. A participação dos chineses subiu de 21% para 48% na mesma comparação.