Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Trabalhadores do Paraná querem negociar cortes com as montadoras

Escrito por Marli Lima, de São Paulo

Depois de ver demissões na Volvo e na Bosch, na semana passada, e de receber a informação ontem de que a Volkswagen e a Renault também estão dispensando trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba decidiu que não fará a homologação da rescisão de contratos sem antes sentar com as montadoras para tratar dos motivos e buscar outras alternativas. “Queremos discutir todas as demissões, seja 1 ou 200”, disse o presidente do sindicato, Sérgio Butka, que vai pedir a intermediação do Ministério Público no caso.

Butka reclamou que as empresas, depois de um período lucrativo, estão aproveitando o momento para “se desfazer de trabalhadores”. Segundo ele, as montadoras estão antecipando as dispensas para fugir de uma cláusula do acordo coletivo que impede demissões até 30 dias após o retorno das férias coletivas. “Não é ilegal, mas é imoral”, afirmou, citando a Volvo como exemplo. A montadora, que tem fábrica em Curitiba, dispensou na semana passada 430 empregados, sendo 250 temporários e 180 efetivos. “Não seremos apenas homologadores de demissões”, garantiu.

A Volvo informou, por meio da assessoria de imprensa, que “preza pela transparência” e quis evitar que os empregados tivessem gastos adicionais no fim do ano, por isso decidiu não adiar as demissões. A montadora acrescentou que, além das verbas rescisórias, os efetivos receberam benefícios que vão de um a quatro salários adicionais e os temporários ganharam acima do exigido por lei no encerramento do contrato. A multinacional vai terminar o ano com 2,4 mil empregados no município.

A Bosch argumentou em comunicado que “no último trimestre de 2008 houve redução de demanda por parte dos clientes, principalmente no que se refere às exportações”, por isso ela teve de reduzir o volume de fabricação e fazer adequação dos turnos de produção, com férias individuais programadas e férias coletivas nas duas últimas semanas de dezembro. “Ações adicionais foram necessárias, como ajustes no quadro de colaboradores”, diz. A empresa não citou números de dispensas mas, segundo o sindicato, ela possuía cerca de 4,5 mil trabalhadores na fábrica de Curitiba e demitiu 251 em novembro e dezembro. Na VW teriam sido dispensados 74 trabalhadores e, na Renault, 24 aprendizes, mas as duas montadoras não comentaram o assunto.

Butka criticou divulgações do Sindimetal, sindicato patronal, que estima, com base em pesquisa com 62 empresas, que 13% dos trabalhadores (3.900) do setor metal-mecânico de Curitiba e região deverão ser demitidos até o fim do ano e esse percentual deve subir para 20% até março. “É uma triste realidade”, diz Roberto Karam, do Sindimetal. Para Butka, não é de bom senso demitir no fim do ano e o ideal seria esperar o retorno das férias e analisar o mercado.

Fonte: Valor Economico