Os trabalhadores da Nissan, instalada em Canton, no Mississipi, EUA, lutam para ter o direito de se sindicalizarem ao UAW (Sindicato dos Metalúrgicos dos Estados Unidos). Eles encerram hoje, 4 de agosto, as eleições para garantir esse direito. Os representantes da CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – vice-presidente Mônica Veloso (Osasco), secretário de finanças Carlos Albino (Catalão) e Paulo Pissinini (Grande Curitiba) e Reginaldo José de Faria (Anápolis) estão acompanhando as eleições nos EUA.
Força Sindical – O objetivo de vocês em Canton é apoiar a causa dos trabalhadores da Nissan?
Mônica Veloso – Exatamente. A Nissan é uma empresa de relevância econômica em Canton. Os trabalhadores, em sua maioria afro-americanos, têm lutado muito para garantir o direito à sindicalização. A eleição, iniciada ontem, 3, termina nesta sexta, 4, e vai decidir quanto ao direito dos trabalhadores se organizarem na fábrica. Mas a Nissan tem investido muito na pressão para que os trabalhadores não se sindicalizem. Os representantes do UAW saíram pelo mundo denunciando a posição da empresa e obtiveram muitos apoios, entre os quais da CNTM.
Força – Como está o trabalho em Canton?
Mônica – O trabalho é intenso, com muita discussão para ter um espaço de representação na montadora. Das 41 fábricas da empresa no mundo só as três fábricas americanas não têm sindicato. É o que acontece aqui no Mississipi, e isto é um desrespeito à organização sindical. O jogo é pesado! A montadora usa espaços na TV, em outdoors, fixam cartazes para impedir a sindicalização. Ela até criou um programa para facilitar a compra de carros para os trabalhadores que não se sindicalizarem. Práticas antissindicais que têm de ser combatidas e denunciadas.
Força – Como funciona o processo eleitoral?
Mônica – Durante o processo eleitoral o sindicato não entrará na fábrica. Esclarece os trabalhadores do lado de fora. Estão sendo realizadas varias reuniões por turnos, visitas às casas e grupos que estão nas ruas trabalhando pela campanha “Vote Sim UAW”. Serão necessários os votos SIM de 50% +1 dos trabalhadores para ter representação dentro da fábrica.
Força – Acredita na vitória dos trabalhadores?
Mônica – A luta dos trabalhadores da Nissan tem característica diferenciada. O Estado do Mississipi, localizado no sul dos EUA, tem forte ação pelos direitos civis. A luta sindical está muito junta com a luta por direitos raciais, porque o estado do Mississipi traz viva a história do regime de segregação racial que vigorou até a década de 1960. Na fábrica, a maioria dos trabalhadores é composta por afro-americanos e latinos. No final, a sociedade apoia a luta dos trabalhadores. O movimento conta, ainda, com o apoio do ator e ativista Danny Glover.
Força – Como é a lei para os trabalhadores serem representados pelo sindicato?
Mônica – De acordo com a lei norte-americana, para que os trabalhadores sejam representados por sindicato é preciso que a proposta seja vencedora pela maioria em votação envolvendo todos os funcionários da fábrica, com o aval do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB), o órgão fiscalizador. Estamos aqui trazendo a solidariedade e o apoio dos trabalhadores brasileiros. Esta vitória será uma conquista para todos nós!
Miguel Torres, presidente da CNTM, organizou assembleias de metalúrgicos em São Paulo de apoio aos trabalhadores da Nissan dos Estados Unidos