Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
Valor Econômico
Um encontro hoje entre Ministério do Trabalho, bancos credores, clientes, sindicatos de trabalhadores e representantes do grupo SüdMetal buscará saída para a crise enfrentada pelo fabricante de componentes em ferro e alumínio e sistemas elétricos para os setores automotivo, ferroviário, de máquinas agrícolas e de elevadores. Os funcionários das seis fábricas da empresa, sediada em Gravataí (RS), estão parados desde o dia 5 pela falta de pagamento do salário de dezembro, de parte do 13º e dos depósitos nas contas do FGTS.
O superintendente do Ministério do Trabalho no Rio Grande do Sul, Flávio Zacher, vai propor que os bancos credores (Banrisul, Banco do Brasil, Bradesco e Safra) abram linhas de crédito emergenciais para o SüdMetal honrar os compromissos com os 1,2 mil funcionários e reativar as fábricas, tendo como garantias os créditos que o grupo tem a receber dos clientes.
O SüdMetal é o mesmo que, em 2013, por meio da holding Renill Participações, comprou a Taurus Máquinas-Ferramenta, controlada da Forjas Taurus, por R$ 115,3 milhões, mas não conseguiu pagar a dívida e alegou “dificuldades de mercado” para reduzir o valor para R$ 57,2 milhões. A renegociação foi fechada em setembro e levou a auditoria EY (ex-Ernst & Young) a dar parecer adverso a relatório da Forjas Taurus, por discordar da contabilização do prejuízo decorrente da operação, segundo publicou o Valor em novembro.
O encontro de hoje foi marcado na sexta-feira, em reunião preliminar entre Zacher, o vice-presidente do grupo, Octávio Teichmann, e representantes dos sindicatos dos metalúrgicos de Gravataí e de São Leopoldo, onde o grupo também tem unidade industrial (além de Sapiranga e Estância Velha). Antes, cerca de 300 sindicalistas fizeram uma manifestação em frente à sede da superintendência do ministério, no centro de Porto Alegre.
Segundo o coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, Teichmann disse que o grupo enfrenta “dificuldades de mercado” e prepara reestruturação operacional que prevê cortar até 40% dos funcionários. A maior preocupação é que as demissões sejam feitas sem o pagamento dos direitos trabalhistas, segundo o sindicalista. A empresa deve entre “dois e três anos” de FGTS aos trabalhadores.
O total das dívidas com empregados, bancos e fornecedores não foi revelado pela empresa. O controlador do grupo, Renato Conill, já foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por dívidas fiscais de R$ 210 milhões.
O Valor procurou a administração do SüdMetal na sexta-feira, mas a ligação foi desviada para a recepção, que informou que os diretores não estavam disponíveis para falar sobre o assunto. A reportagem também enviou e-mail para Teichmann, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.