Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Socialista promete taxar mais os ricos, os bancos e as empresas na França

Valor Econômico

Por Agências internacionais

À frente nas pesquisas de intenção de voto, o candidato socialista à Presidência da França, François Hollande, afirmou que, se eleito, aumentará impostos para bancos, grandes empresas e os ricos, como forma de eliminar o déficit público até 2017. Ele disse querer “a mesma coisa” que o presidente americano, Barack Obama, que defende uma reforma tributária para que a secretária de um bilionário não pague, percentualmente, mais imposto que o patrão. 

“A vasta maioria do povo francês não será convocada a fazer sacrifícios adicionais”, disse Hollande, de 57 anos, ao apresentar um programa de ação com 60 itens. “Se há sacrifícios a fazer, e haverá, então caberá aos ricos.” Segundo um assessor econômico socialista, Jérôme Cahuzac, serão afetados 1 milhão dos 36 milhões de lares franceses.

O candidato socialista também prometeu aumentar os fundos para a educação e para a criação de empregos, e atenuar a reforma previdenciária introduzida pelo presidente Nicolas Sarkozy, que aumentou a idade mínima de aposentadoria para 62 anos. Hollande disse que permitirá que o cidadão se aposente antes dessa idade desde que tenha trabalhado 41 anos e seis meses. Para compensar esse gasto está previsto um aumento de 0,1% nos impostos trabalhistas para empresas e empregados.

As pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 22 de abril (com segundo turno em 6 de maio) sugerem que Hollande pode vencer Sarkozy com uma vantagem de até 20 pontos percentuais no segundo turno. A campanha de Hollande parecia estar perdendo fôlego nas últimas semanas, mas ganhou novo impulso após um grande comício, no qual fez um discurso que teve bastante repercussão, afirmando que o seu principal rival não é Sarkozy, e sim o mercado financeiro. “Hollande está construindo uma imagem presidencial para si, enquanto o presidente se encontra mais numa posição de desafiante”, disse Édouard Lecerf, diretor do instituto de pesquisas TNS Sofres.

A França não tem um presidente socialista desde 1995, quando François Mitterrand encerrou o seu segundo mandato. Hollande ganhou a candidatura do partido após Dominique Strauss-Kahn, que estava em primeiro lugar nas pesquisas, desistir da disputa devido à acusação de estupro feita pela camareira de um hotel de Nova York, em maio de 2011.

O plano de Hollande de buscar fundos taxando os ricos atua em várias frentes, entre as quais se inclui a criação de uma nova alíquota de 45% do imposto de renda – atualmente a maior é de 41% – para que ganha mais de € 150 mil anuais. Prevê ainda a eliminação de uma série de isenções fiscais e brechas tributárias que, segundo o candidato, beneficiam só os 5% mais ricos da população. Ele também se comprometeu com reformas mais profundas, que podem levar ao aumento da taxação sobre rendimentos obtidos com a venda de ações e outros investimentos.

O imposto sobre o lucro das empresas, atualmente em 33%, passaria para 35% no caso das maiores companhias. As médias pagariam 30% e as pequenas, 15%.

De acordo com o programa apresentado ontem, um novo governo socialista elevaria os gastos públicos em € 20 bilhões, ao longo de cinco anos, para abrir 60 mil vagas para professores e policiais e criar 150 mil outros empregos. A despesa seria compensada com o corte de € 29 bilhões em isenções fiscais, o que elevaria a carga tributária para 46,9% do PIB em 2017 – contra 45,1% neste ano.

A França não consegue equilibrar o seu orçamento há três décadas. Em 2010, o déficit fiscal foi de 5,5% do PIB – acima do limite de 3% para os países que integram a zona do euro. Segundo o Insee, o instituto nacional de estatísticas, o país, que tem a segunda maior economia da Europa, pode ter entrado em recessão e está sujeito a ver o fechamento de 60 mil postos de trabalho neste semestre. O Fundo Monetário Internacional estima que o PIB terá uma expansão de apenas 0,2% neste ano.

Na plataforma apresentada, Hollande ainda se comprometeu a apoiar o casamento gay e a permitir a eutanásia para os doentes terminais. Sarkozy, que ainda não se declarou formalmente candidato à reeleição, planeja revelar um plano econômico no domingo.