Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicato sedia 33ª edição da Caravana da Anistia

Jaélcio Santana

Miguel Torres, presidente do Sindicato

Por Val Gomes e Débora Gonçalves
www.metalurgicos.org.br

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes sediou nesta quinta-feira, dia 4, a 33ª edição da Caravana da Anistia de 2010, projeto da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

O evento contou com uma série de homenagens, comemorações e julgamento de 88 processos de pedidos de anistia, a maioria (54,5%), de militantes do movimento sindical: metalúrgicos, bancários, jornalistas, rurais e professores, que foram perseguidos durante a ditadura militar.

A abertura, pela manhã, contou com as presenças do ministro da Justiça, Tarso Genro, de muitos anistiados e familiares, e prestou homenagens em memória das vítimas da ditadura.

Um dos vídeos apresentados mostrou rostos de pessoas que foram mortas pela ditadura, como o metalúrgico Manoel Fiel Filho, morto em 17 de janeiro de 1976, no DOI-CODI/SP; imagens dos anos de chumbo, da supressão de direitos e das garantias fundamentais; da prisão e tortura, desemprego, de movimentos de resistência que reuniram brasileiros que tinham em comum um projeto de nação que foi inviabilizado.

“A violência massiva veio dos dominadores do regime. Homens e mulheres foram perseguidos num passado recente que não pode se repetir jamais”, disse o ministro Tarso Genro.

Julgamentos

À tarde, foram realizadas quatro sessões de julgamentos dos 88 processos de pedidos de anistia de metalúrgicos e militantes políticos que foram perseguidos pelo regime militar (1964-1985) em São Paulo e região.

Jaélcio Santana

Zezé Mota

Início da Caravana

Desde abril de 2008, a Caravana já passou por 17 estados e julgou mais de 700 pedidos de anistia. Todas as regiões do País já foram visitadas pelo projeto, que já esteve na capital paulista em duas outras ocasiões.

É nas Caravanas da Anistia que o Estado brasileiro formula pedidos de desculpas oficiais aos cidadãos e suas famílias, que foram perseguidos, como o ex-presidente João Goulart, o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, o ambientalista Chico Mendes, e o educador Paulo Freire, entre tantos outros opositores ao regime militar.

Para Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia, “a anistia não é uma benesse, é um direito, não é esquecimento, é um ato de reconhecimento público do governo ao direito de liberdade do povo brasileiro”.

A atriz e cantora Zezé Mota foi mestre de cerimônias, interpretou duas canções cujo tema principal é a liberdade e emocionou o grande público presente.

Nesta solenidade, o ministro da Justiça Tarso Genro despediu-se da Caravana da Anistia, pois deixará o governo federal para candidatar-se ao governo do Rio Grande do Sul.

“A democracia precisa olhar para o passado, mostrar para a sociedade a monstruosidade que foi o regime militar, com as perseguições e torturas, promover a justiça e garantir a igualdade de direitos para o povo brasileiro”, disse o ministro.

Jaélcio Santana

Ministro Tarso Genro

Miguel Torres homenageia Ministro

Miguel Torres, presidente do Sindicato, entregou ao ministro uma placa alusiva ao 17 de Janeiro, Dia do Delegado Sindical, criado no 11º Congresso dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, em junho de 2009, para reverenciar a memória do metalúrgico Manoel Fiel Filho.

“O nosso Sindicato também sofreu perseguições e intervenções da ditadura militar. Temos, portanto, muita satisfação em sediar a Caravana da Anistia e colaborar para o resgate histórico e promover justiça”, afirmou Miguel Torres.

Jaélcio Santana

Paulinho, presidente da Força Sindical

Paulinho, presidente da Força Sindical, falou sobre sua participação na resistência contra a ditadura, na luta pela redemocratização do País e nos desafios da classe trabalhadora para ampliar as conquistas como, por exemplo, a atual luta pela redução da jornada para 40 horas semanais.

“A unidade das centrais sindicais é fundamental para enfrentarmos os setores conservadores do País que não querem que a classe trabalhadora conquiste mais direitos”, afirmou Paulinho.

Paulo Abrão falou sobre os dois anos da Caravana da Anistia e dedicou a 33ª Caravana “aos sindicalistas e operários, à classe trabalhadora brasileira que tem construído a democracia no País. Nossa homenagem aos operários do Brasil, que resistiram bravamente, e sofreram por seus atos de coragem na época em que vigorava a lei anti-greve. Essas pessoas arriscaram suas vidas, seus empregos e pagaram por isso”.

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