LORENNA RODRIGUES
ANA FLOR
DE BRASÍLIA
O governo deverá fazer uma economia maior do que a meta para as contas públicas neste ano como forma de diminuir os gastos e estimular a redução dos juros.
De acordo com sindicalistas recebidos pela presidente Dilma Rousseff, a intenção é aumentar o superavit primário (resultado antes do pagamento dos juros) em 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) –atualmente, a meta para o ano é de cerca de 3% do PIB.
A presidente chamou os sindicalistas para antecipar o anúncio, que será feito ainda nesta segunda-feira pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
Sérgio Lima/Folhapress |
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Dilma faz reunião com conselho sobre medidas econômicas |
Dilma havia se comprometido a informar com antecedência aos movimentos sindicais as medidas econômicas adotadas para proteger o país da crise. No início do encontro, ela relembrou que estava “cumprindo sua parte” no trato.
Mantega deve fazer o anúncio de corte após a reunião do conselho político com a presidente. Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, Dilma disse que isso seria um gesto para mostrar que o governo está disposto a conter gastos e abrir espaço para a redução da taxa básica de juros.
O Banco Central se reúne amanhã e quarta-feira para definir a taxa Selic, mas o mercado aposta na manutenção dos juros em 12,5% ao ano.
“Acreditamos que os juros precisam cair já depois de amanhã. Vamos fazer manifestações na porta do Banco Central”, afirmou.
Dilma aproveitou o encontro para pedir aos sindicalistas que ´examinem” a conjuntura econômica antes de “criticar” medidas do governo.
Ela afirmou que não é possível aprovar neste momento projetos que aumentam os gastos públicos, como a PEC 300 (que cria um piso salarial para policiais) e a emenda 29 (que regulamenta o dinheiro a ser investido na saúde). Pediu, mai suma vez, a compreensão dos movimentos sindicais.
Segundo os sindicalistas, Dilma afirmou que irá destinar as sobras de arrecadação para fazer superávit, não direcionando para o fundo soberano. Segundo ela, isso é um “gesto” de que o governo está disposto a gastar menos e, consequentemente, dar espaço para que o Banco Central baixe os juros.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Arthur Henrique, disse ser contra o aumento do superavit primario.
“Não dá para manter políticas públicas e sociais se não tem funcionários, reajustes”, afirmou.
Os sindicalistas afirmaram que farão amanhã uma manifestação em frente ao Banco Central, para “ajudar o governo” na mobilização pela queda dos juros.