Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Setor químico também quer proteção do governo

Valor Econômico

Empresários e sindicalistas do setor químico querem pegar carona nas recentes medidas do governo de aumento do IPI de veículos importados e incentivo aos investimentos em inovação tecnológica. A decisão, tomada pelo governo há 15 dias, “abriu um precedente”, entendem eles, que desejam instalar uma mesa de negociação direta com a equipe econômica. O governo recebeu bem a ideia.

Em documento entregue ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, as principais entidades do setor defendem a criação de um “Conselho de Competitividade da Indústria Química”. No documento, empresários e trabalhadores afirmam que o conselho a ser criado “no âmbito do governo federal” ficará focado na “proposição de medidas de estímulo aos investimentos”. O estudo foi entregue nesta semana à ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. Além deles, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fernando Pimentel, e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Aloizio Mercadante, também receberam a carta.

A avaliação de empresários e sindicalistas é de que as teses defendidas pelo setor, de buscar no governo uma defesa frente à importação e o incentivo a investimentos em inovação tecnológica, são justamente as mesmas que ditaram as medidas protecionistas envolvendo o IPI cobrado da indústria automobilística. “Foi aberto um precedente”, disse um dos principais interlocutores do setor com o governo.

Tal qual ocorreu no setor automobilístico, quando indústria e sindicalistas ligados às duas maiores centrais sindicais do país se uniram no discurso anti-importações de veículos e peças, o documento encaminhado aos ministros da área econômica é assinado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, e pelos presidentes das principais federações de trabalhadores, Sérgio Luiz Leite, da Fequimfar (ligada à Força Sindical), e Raimundo Suzart, coordenador da Fetquim (filiada à CUT).

Quando começaram as discussões, empresários e sindicalistas tinham diante de si um quadro “tenebroso” para a indústria. De janeiro a julho, o consumo aparente dos produtos químicos aumentou 7,13% em relação a igual período do ano passado, enquanto a produção nacional caiu 4,73% na mesma comparação. As vendas ao mercado interno dos fabricantes nacionais também foram 4,57% menores no período. O consumo aparente, que soma a produção doméstica às importações, portanto, foi todo sustentado pelo ingresso de produtos importados – de janeiro a julho a importação de químicos foi 30,6% maior que em igual período de 2010.

“Essa situação não só tem inibido decisões de investimentos no setor como tem colocado em risco a continuidade da produção em unidades já instaladas no país”, diz o documento levado ao governo.

De maneira reservada, integrantes do governo avaliam que “algo pode ser feito” para o setor, cujos representantes empresariais e sindicais devem ser convidados para uma reunião até o fim do ano.

Os dados de comércio exterior do setor referentes a agosto, que não constam do documento, foram “um passo a mais” rumo à situação delicada apontada pelo setor, diz uma fonte da equipe econômica. No mês passado, o país importou US$ 4,4 bilhões em produtos químicos, resultado 19% superior ao de julho e 46,6% maior que do mesmo mês de 2010. No ano, o déficit comercial do setor, de US$ 16,8 bilhões é 31,8% maior que em igual período de 2010.