Carol Rocha – Agora
Os segurados com problemas no seguro-desemprego e os estrangeiros que precisam tirar carteira de trabalho são os mais prejudicados com a greve no MTE (Ministério do Trabalho), que já dura 102 dias. Para conseguir uma senha de atendimento, os trabalhadores chegam de madrugada à DRT (Delegacia Regional do Trabalho), que fica na rua Martins Fontes, 109 (região central da capital). Os servidores estão realizando 50% do atendimento, segundo determinação judicial.
Hélio Soares de Oliveira, 23 anos, chegou ao DRT à 0h40 da madrugada de ontem para conseguir senha para uma colega americana, que precisa de uma carteira de trabalho. Ele foi o primeiro da fila. Hélio diz que a amiga ficou com medo de aguardar na rua à noite, sozinha.
Atrás dele estavam o alemão Marco Gullmann, 31 nos, e o egípcio Yahya Ashmawy, 41 anos. Ambos precisavam emitir a carteira de trabalho. Gullmann, que está há dois anos no Brasil, conseguiu um novo emprego em uma rede de hotéis. Sem o documento, ele corre o risco de perder a vaga.
Greve vai continuar
Carol Rocha
do Agora
O MTE afirma que não compactua com a greve dos servidores e que vem fazendo o possível para restabelecer o atendimento. O órgão diz que cumpriu ou negociou todas as questões da pauta de greve, exceto o plano de carreira. Segundo o ministério, a competência neste caso é da pasta do Planejamento.
O Sindsef (sindicato da categoria) confirma que várias reivindicações foram aceitas pelo ministério, exceto as que tratam da melhoria das condições de trabalho e do assédio moral.
A diretora do sindicato, Beth Lima, afirma que há seções em que falta até água potável para os funcionários beberem, além de computadores e acesso a internet. A diretora sindical diz também que os servidores sofrem assédio moral na repartição. “Muitos funcionários já pediram exoneração ou prestaram concursos para outros órgãos. Quando a greve acabar, não haverá mais funcionário no MTE”, afirma Beth.
Porém, o sindicato não tem previsão do término da paralisação, que teve início em abril deste ano.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) declarou que a greve é legal, mas que os servidores deveriam manter 50% dos funcionários em funções essenciais.