Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Seade-Dieese: comércio lidera cortes em março; taxa é 14,9% no mês

A indústria pode ter encerrado um ciclo de demissões em março, mas o comércio tomou o lugar do setor e dispensou 112 mil trabalhadores na Região Metropolitana de São Paulo, puxando o aumento da taxa de desemprego para 14,9% no mês.

 

Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade e do Dieese, que mostraram um pequeno aumento dos postos de trabalho nos demais setores, inclusive na indústria, que abriu 1 mil vagas.

 

O setor de serviços criou 3 mil vagas e o segmento outros serviços (como construção civil e trabalho doméstico), 15 mil. Juntos, os três setores criaram 19 mil postos de trabalho, insuficientes para interromper a alta do desemprego diante da demissão de 112 mil trabalhadores no comércio. No total, a Região Metropolitana de São Paulo perdeu 93 mil postos de trabalho no mês passado.

 

Embora as demissões no comércio em março sejam sazonais, tendo em vista que o período de liquidações se estende por janeiro e fevereiro, a intensidade da eliminação de vagas surpreendeu os técnicos.

 

“As perspectivas não são das melhores, há muitas incertezas no ar e o comércio fez esse ajuste forte agora”, afirmou o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. “O comércio não fez os ajustes que ocorreram na indústria e nos serviços em janeiro e fevereiro. Mas a intensidade desse ajuste foi absolutamente inédita. Nunca tivemos um resultado tão negativo para o comércio em São Paulo para um mês de março”.

 

Ele lembrou que o setor é muito importante, uma vez que atrai comerciantes de todo o País para compras na região central da capital paulista. Ao longo de 2008, o nível de ocupação no setor vinha registrando crescimento de dois dígitos na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas em março deste ano, na comparação com março de 2008, a queda nas ocupações foi de 7%, com o fechamento de 102 mil vagas.

 

“Esse corte no comércio eventualmente reflete o que já ocorreu na indústria e nos serviços. Se parar por aí, tudo bem, mas a hipótese é subjetiva e ninguém pode dizer que a economia brasileira já fez todos os ajustes”, ressaltou.

 

Para o coordenador, a eliminação de vagas no comércio poderia ter sido ainda maior caso o Governo não tivesse adotado medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, produtos da linha branca (geladeiras, fogões e lavadoras) e materiais de construção.

 

“Houve retomada das vendas de automóveis e a produção da indústria se recuperou. Ainda está abaixo de março do ano passado, mas voltou a crescer depois do desastre de novembro, dezembro e janeiro”, destacou Loloian.

 

Sem esses estímulos, segundo ele, o desemprego no comércio e na indústria seria maior. “As grandes empresas estão chamando seus funcionários em férias coletivas para trabalhar e fazendo horas extras nos fins de semana. Tudo isso é muito positivo. A grande dúvida é se retornaremos a uma situação muito ruim quando terminarem esses estímulos”.

 

Em março, o desemprego na Região Metropolitana de São Paulo atingiu mais 154 mil pessoas, elevando o contingente total de desocupados para 1,551 milhão. O número do mês é resultado da soma da eliminação de vagas (93 mil) e da entrada de pessoas no mercado de trabalho (61 mil). “Os dados continuam a nos preocupar. Essa taxa de 14,9% é maior que a de março de 2008 (14,3%) e o volume de dispensados é recorde desde 1985”, disse Loloian.

 

A eliminação de postos de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo no primeiro trimestre já superou a criação de vagas verificada em todo o ano de 2008. Nos três primeiros meses do ano, 409 mil empregos foram fechados, mais que as 313 mil vagas criadas ao longo de 2008.

 

No conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelas entidades – Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal – foram eliminadas 593 mil vagas no primeiro trimestre deste ano, número inferior à criação de postos ao longo do ano de 2008 (635 mil empregos).

 

Esse saldo positivo está relacionado ao setor de serviços, o único que eliminou menos vagas no primeiro trimestre (184 mil) do que criou ao longo de 2008 (400 mil). Nos demais setores, o resultado é negativo. Na indústria, 186 mil postos foram fechados de janeiro a março, mais que as 88 mil vagas geradas em 2008.

 

No comércio, a eliminação de empregos foi de 177 mil no primeiro trimestre, superior à criação de 125 mil vagas no ano passado. No segmento de outros serviços, a geração de empregos no ano passado foi de 22 mil postos e a eliminação, no primeiro trimestre, foi de 46 mil. (Fonte: Agência Estado)