Pela primeira vez na história recente do Brasil e do Mundo, os trabalhadores não poderão ir às ruas no 1º de Maio – Dia do Trabalhador – data de celebrar conquistas e refletir sobre os desafios da classe trabalhadora. O planeta enfrenta o coronavírus (COVID-19). Este ano, as centrais sindicais do Brasil, unidas, irão fazer uma Live sob o lema: Saúde, Emprego e Renda – Um novo mundo é possível!
Desde o anúncio do primeiro caso notificado no Brasil, as centrais sindicais e suas entidades filiadas trabalham de forma unitária, fazem propostas e denunciam às autoridades a situação precária dos trabalhadores nos serviços essenciais, em especial na saúde. Na contramão da ação das centrais está a letargia e incompetência do governo para lidar com uma doença respiratória que já mostrara seu poder letal em todo o mundo.
O Brasil já perdeu milhares de vidas para o coronavírus, boa parte delas de trabalhadores em serviços essenciais ao funcionamento do País. Para trabalhar, profissionais dos ramos da saúde, comércio, transportes, limpeza, entre outros, têm sido obrigados a se expor ao contágio por falta de equipamentos de proteção individual, os EPIs. Sem esses homens e mulheres, o Brasil teria parado completamente nessa pandemia e, pior, mais casos e mortes teriam sido registrados.
O movimento sindical não se retraiu ante à impossibilidade de ter suas bases nas ruas. Ao contrário: reagiu, agiu, reivindicou. Formulou propostas, foi aos representantes das três esferas: Judiciário, Executivo e Legislativo. Agimos como protagonistas e apresentamos propostas viáveis para a sociedade e os poderes constituídos.
As centrais sindicais foram decisivas, por exemplo, para que o auxílio emergencial de R$ 600,00 fosse aprovado no Congresso Nacional. Vale lembrar: o governo queria parcos R$ 200,00. Propusemos e negociamos não apenas por aqueles que têm carteira assinada, contrato formal de trabalho, mas por todos os brasileiros em situação de vulnerabilidade, micro e pequenos empresários, enfim, pela população menos favorecida e vítima da desigualdade social que ainda assola o País. Montamos uma rede de solidariedade nacional que disponibilizou instalações dos sindicatos e coleta de donativos.
Atuamos no Congresso Nacional para reagir e impedir as medidas do Palácio do Planalto contra os direitos dos trabalhadores. A pressão surtiu efeito contra Medidas Provisórias editadas para precarizar o trabalho e a vida dos trabalhadores, além de destruir a organização sindical. Vitórias essenciais para barrar a extensa lista de desserviço desse governo à classe trabalhadora.
O 1º de Maio torna-se, assim, um importante espaço para refletir sobre que Brasil emergirá dessa crise sanitária, econômica e política, o pós-pandemia. Sobre o País que queremos. Não podemos aceitar que a nação siga com uma participação industrial no PIB em 10,4% – setor que já representou mais de um terço na geração de riquezas da nação.
É urgente repensar e fortalecer a indústria nacional para recolocá-la no patamar de importância que já teve um dia na economia, para que o País possa emergir da pandemia, porque dentre todas as atividades econômicas é na indústria que está o maior potencial de desdobramento para outros setores e de geração de empregos.
A classe trabalhadora exige que o Brasil implemente uma política de desenvolvimento produtivo e tecnológico, alinhado com a promoção do desenvolvimento econômico e social, e orientada para melhorar a qualidade de vida da população, dos aposentados, a acessibilidade das pessoas com deficiência, garantindo a sustentabilidade alimentar, a preservação do meio ambiente, energia limpa e também a solução dos problemas de transporte de massa nas grandes e médias cidades, os déficits na saúde e na habitação.
A classe trabalhadora quer uma democracia forte, a retomada da economia com desenvolvimento sustentável com emprego e renda dignos para todos.
A luta é de todos. Viva o 1º de Maio!
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT