Marília Almeida
Os trabalhadores do comércio, na região metropolitana de São Paulo, terminaram o ano passado sendo contratados com salários 5% menores do que os vencimentos registrados nas contratações feitas em janeiro de 2009.
No início do ano, os funcionários recebiam em média R$ 1.301. Em dezembro, o valor caiu para R$ 1.237, de acordo com dados da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio).
Economistas, sindicatos e associações do setor indicam dois motivos para a queda: as empresas preferiram demitir funcionários com salários maiores ou admitir aqueles com salários mais baixos.
“A tendência foi mais forte no primeiro semestre. Não é uma baixa expressiva e foi pontual. A média ainda está acima do piso no setor”, explica Julia Ximenes, economista da Fecomercio.
“Como por lei as empresas não podem reduzir o salário do funcionário empregado, essa troca acaba acontecendo”, diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
A troca mencionada por Solimeo é um mecanismo usado pelas empresas para reduzir o impacto dos reajustes salariais, negociados com os sindicatos de trabalhadores anualmente, para quem já está contratado. Esses aumentos têm sido acima da inflação registrada no período.
“Precisamos coibir a dispensa arbitrária, principalmente em um mercado em recuperação, no qual muitos trabalhadores ainda estão procurando vagas e acabam aceitando salários menores”, analisa Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
Novas vagas
Apesar da queda no rendimento, o saldo de vagas (diferença entre contratações e demissões) foi 4,8% maior entre dezembro de 2008 e dezembro do ano passado.
Os segmentos que mais geraram vagas foram supermercados (14.856 vagas), lojas de materiais de construção (4.709), vestuário (5.688) e eletrodomésticos (3.978). “As vagas oferecidas no setor de materiais de construção e eletrodomésticos e eletroeletrônicos foram impulsionadas pela desoneração de impostos. Este ano, as oportunidades devem se reduzir com o fim do incentivo”, diz Julia.