Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

CNTM

Respeitar direitos

“Quem está há mais tempo no movimento sindical, certamente se lembra do professor Aníbal Fernandes. Advogado ligado ao Partidão, era um respeitado especialista em Previdência Social. E era também um frasista de mão-cheia.

O professor Aníbal combatia com vigor (e humor corrosivo) o neoliberalismo, que considerava altamente nocivo por atacar conquistas sociais e direitos trabalhistas. Dizia o professor: “Os direitos são a propriedade do povo”. Ou seja: povo com mais direitos, povo mais rico; povo com poucos direitos, povo pobre e desamparado.

Entre todas as organizações da sociedade, as entidades sindicais são as que mais defendem direitos, conquistam e lutam por eles. O movimento sindical tem plena consciência de que, para o trabalhador, direito é sinônimo de dignidade.

Digo tudo isso, e homenageio o dr. Aníbal, para reafirmar que não podemos aceitar a ideia de cortes que atinjam trabalhadores da ativa, aposentados, pensionistas, empregados, desempregados, enfim, afetem a vida de quem trabalha ou já contribuiu com a Pátria, trabalhando anos e anos a fio.

No Brasil, já vivemos diferentes fases em que os direitos dos cidadãos e dos trabalhadores foram fragilizados. Isso aconteceu mais durante a ditadura. Porém, Presidentes eleitos pelo voto popular, como Fernando Collor e Fernando Henrique, foram drásticos ao cortar direitos e suprimir benefícios. Foram épocas em que o trabalhador perdeu emprego, teve direitos cortados e, no final das contas, ficou mais empobrecido.

Nos dois governos Lula e no primeiro governo Dilma, como mostra o próprio Diap, tivemos avanços civis importantes para os cidadãos e ganhos trabalhistas concretos para a classe trabalhadora. Agora, porém, corremos riscos. Os ajustes do novo comando econômico do governo ferem benefícios previdenciários, enfraquecem direitos e corroem conquistas. É um retrocesso inaceitável.

O sindicalismo reage e o faz de forma unitária, articulada e organizada. Para tanto, seis Centrais já se reuniram e publicaram um documento contundente em defesa do emprego, do crescimento e contra ataques a direitos. Mais: marcaram atos e protestos, no final de janeiro e final de fevereiro. Na segunda (19), as Centrais se reuniram com quatro Ministros e deixaram clara a contrariedade com o ajuste fiscal neoliberal de Dilma.

O problema do Brasil não é excesso de direitos. Temos problemas estruturais, má gestão, desvios e corrupção; precisamos melhorar a Educação; precisamos de mais tecnologia; precisamos fortalecer o sistema produtivo nacional e consolidar nosso mercado interno. Precisamos, também, usar o BNDES para a indústria brasileira, não só para as múltis. Com isso, vamos desenvolver políticas que garantam a competitividade da nossa indústria. Atacar direitos – e empobrecer o povo – será o pior dos caminhos.

José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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