DA SUCURSAL DO RIO
O rendimento mensal do trabalhador cresceu, em média, 3,4% em 2008 na comparação com 2007, estimado pelo IBGE em R$ 1.260,24. Não superou, porém, ainda a marca de 2002 -R$$ 1.284,50-, no período anterior à recessão causada pelas eleições presidenciais daquele ano. Ou seja, passados cinco anos, a renda não se recuperou ainda do forte tombo de 2003, quando caiu 11,9%.
De 2003 a 2008, a renda acumula uma expansão de 11,3%. Em dezembro de 2008, subiu 0,5% ante novembro e 3,6% na comparação com dezembro de 2007. Ainda em ascensão, o rendimento já sobe, porém, menos do que em meses anterior, num primeiro sinal da crise, segundo Fábio Romão, especialista da LCA.
A boa notícia é que a renda cresceu mais no ano passado para mulheres, menos escolarizados e pretos e pardos -nessa categoria, o incremento médio foi de 5,6%, em comparação a 3,1% dos brancos.
O rendimento dos que têm nível superior avançou 1%, abaixo da média. As mulheres também viram seus vencimentos crescerem mais -4%. Para os homens, houve alta de 3,3%.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente do IBGE, a renda de pretos e pardos e das pessoas com menos anos de estudo avançou mais na esteira do reajuste real do salário mínimo, importante indexador dos rendimentos mais baixos tanto no setor formal como no informal.
Abismo
Tais avanços não são suficientes, porém, para transpor o abismo que separa a renda dessas categorias mais vulneráveis das com maiores rendimentos. Pretos e pardos ganham apenas 50,8% do salário médio dos brancos, pelos dados de 2008. Esse percentual era apenas um pouco menor em 2003: 48,5%. Já as mulheres recebem, em média, 71% do rendimento dos homens -em 2003, o percentual correspondia a 70,8%.
Mas, sistematicamente, a renda dessas classes sobe num ritmo mais acelerado. De 2003 a 2008, o rendimento de pretos e pardos cresceu 17,7%, mais do que os 12,2% dos brancos.
O das mulheres avançou 12,1%, enquanto o dos homens subiu 11,8%.
O IBGE constatou ainda um aumento do emprego na faixa das pessoas com mais de 50 anos -de 16,8% de ocupados em 2003 para 19,9% em 2008. Também cresceu a parcela de trabalhadores com mais de 11 anos de estudo -de 46,7% para 55,7%.
Nos dois casos, o fenômeno é explicado pela busca por pessoas mais qualificadas e já com experiência para ocupar os postos de trabalho criados especialmente nos últimos dois anos de economia aquecida e forte geração de vagas, segundo Azeredo.
Já no incremento entre os mais escolarizados, diz, existe outro fator: o maior ingresso de mulheres no mercado de trabalho. É que elas costumam ter um nível de educação mais alto do que os homens. (PS)