A oficialização, ontem (14), do investimento de US$ 3,3 bilhões da Companhia Vale do Rio Doce (Vale) em uma usina de aço no Pará reforça o forte movimento do setor siderúrgico rumo às regiões Norte e Nordeste do País. Os projetos anunciados e em estudo alcançam US$ 22 bilhões. A expressiva demanda mundial por aço e o conseqüente aumento dos preços, aliados à melhoria de infra-estrutura da região e à proximidade da matéria-prima, estão entre os fatores que favorecem os investimentos.
A economista pernambucana Tânia Bacelar, sócia da Ceplan Consultoria e professora da Universidade Federal de Pernambuco, diz que esse movimento deve-se não apenas ao crescimento de consumo, até superior à média nacional, mas também à qualificação logística. As siderúrgicas que serão construídas no Ceará pela Vale com a coreana Dongkuk e possivelmente em Pernambuco pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a primeira usina da empresa na região, vão usar os principais portos desses estados, o de Pecém e Suape, respectivamente.
“A atração de investimento demonstra maturidade desses mercados”, afirma Ronaldo Valeño, sócio da PricewaterhouseCoopers.
Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), a produção do Nordeste foi de 814 mil toneladas de aço bruto e representou apenas 2,4% da produção nacional em 2007. Os novos investimentos, parte deles anunciada há alguns anos, devem elevar a participação das duas regiões no total produzido no País.
A Vale, disse o presidente da companhia, Roger Agnelli, poderá antecipar em um ano o prazo inicialmente previsto para colocar em operação a nova siderúrgica, a Aços Laminados do Pará.
Dentre os outros projetos anunciados, a Gerdau, que tem usinas na Bahia, Pernambuco e Ceará, avalia outra unidade em Pernambuco. A chinesa MinMetals Corporation também estuda investir no Pará.