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Recessão nos EUA pode tirar 1 ponto do PIB brasileiro

Valor Econômico

Por Assis Moreira

Uma nova recessão nos Estados Unidos poderá cortar em 1 ponto percentual o crescimento econômico do Brasil entre 2011-2013, estima a agência de classificação de risco Fitch em meio a uma enxurrada de indicadores frágeis na economia internacional. A agência preparou relatório simulando os efeitos de uma “double dip” recessão nos Estados Unidos sobre a recuperação econômica, que aparece na véspera do discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, que indicará como vai estimular a expansão americana.

Para a Fitch, o recuo dos consumidores em gastar no contexto de fragilizados mercados de trabalho e imobiliário, e nova intensificação de estresse nos mercados financeiros, causada pela crise na Zona do Euro, aumentam as chances de os Estados Unidos caírem de novo em recessão

Como resultado de indicadores visivelmente fracos, a agência baixou recentemente suas projeções para o crescimento da economia americana para 1,8% em 2011 (ante 2,6% anteriormente) e 2,3% em 2012 (2,8% antes). Essa estimativa revisada é usada como o cenário base para o simular o potencial impacto de nova recessão americana, que derrubaria o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1% em 2011, negativo em 0,6% em 2012, e retomada de 1,5% em 2013. O principal componente que derruba o PIB é menos consumo e investimentos. Isso resulta em menos importações americanas, que por sua vez cortam a demanda global e uma correspondente diminuição das exportações dos EUA.

No cenário de nova recessão americana, o PIB global cairá pelo menos 2,1 pontos percentuais entre 2011-2013. A contração na demanda global de petróleo pode derrubar o preço do barril para US$ 90 em 2011 e US$ 85 em 2012.

O México e o Canadá, os vizinhos dos Estados Unidos, serão sem surpresa os mais severamente afetados por menor expansão econômica americana. O impacto será também forte sobre a China, com repercussões se estendendo para o resto do mundo. Nada menos que 19% das importações americanas vem da China, e o total do comércio com os Estados Unidos representa 8% do PIB chinês. Ao mesmo tempo, a contribuição da China para a economia mundial tem crescido rapidamente, com sua fatia no PIB global em poder de compra aumentando de 2% em 1980 para 12% em 2008.

Assim, com uma nova recessão americana, a China diminui o crescimento para menos de 7%. Em termos absolutos, ainda é robusto, mas a Fitch considera que a taxa fica abaixo do potencial de expansão chinesa e pode conduzir inclusive à agitação social.

Para a Fitch, no Brasil, tendo a China e os Estados Unidos como maiores parceiros comerciais, o efeito acumulado do choque seria baixar o crescimento para 3,7% em 2011, para 4,2% em 2012 e para 4,5% em 2013.

O modelo não leva em conta efeitos de recuo nos fluxos de capital e outros impactos de aversão a risco nos mercados financeiros, que podem causar problemas mais sérios para outras economias avançadas, devido à interdependência do setor financeiro. De maneira geral, as pequenas economias da Ásia e com fortes vínculos com os EUA e a China sofreriam os maiores declínios na produção. Países do Oriente Médio e da África também seriam duramente afetados pelo declínio nos preços do petróleo e de commodities.