Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Empresas

Queda de juros reforça aposta em retomada do crescimento

Valor Econômico

As maiores e melhores companhias do país estão otimistas e esperam a retomada da economia no próximo ano. Um dos principais pilares da confiança é a recente e contínua queda na taxa básica de juros. Empresários presentes ontem à premiação do anuário “Valor 1000” apontam o impacto positivo dos juros reduzidos na economia doméstica, seja como indutor da demanda, seja como uma medida para reduzir o custo de capital, barateando o custo do investimento.

Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração e fundador da Cosan, vê boas perspectivas. “Nossa decisão é investir ainda mais no país e isso é impulsionado pela queda da taxa de juros”, diz o empresário. Segundo Mello, o grupo Cosan deverá manter planos de expansão em 2013, mesmo com cenário de desaceleração da economia doméstica no primeiro semestre.

“A queda na taxa de juros seguramente vai estimular o consumo e a taxa de câmbio estabilizada permite maior previsibilidade no negócio”, diz Paulo Cesar Teixeira, diretor-geral da Telefônica/Vivo. As medidas de estímulo adotadas pelo governo, diz Teixeira, já começaram a beneficiar o setor.

Outro segmento que já sentiu o efeito das medidas do governo federal foi o varejo. O presidente das Lojas Cem, Cícero Dalla Vecchia, lembra que no comércio de eletrodomésticos e móveis, segmento no qual a empresa atua, as vendas a prazo representam quase 70% do total. Com a redução dos juros, o consumidor pode direcionar a economia financeira para a compra de mais produtos. Vecchia destaca também a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca e dos móveis. O benefício com o imposto, diz, contribuiu em boa parte para o crescimento da empresa.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a economia brasileira já traz sinais claros de aquecimento, como o resultado das vendas do varejo em junho e os dados mais recentes de criação de emprego. O ministro reiterou sua confiança de que o país estará crescendo cerca de 4% ao ano no último trimestre de 2012. Para a indústria, que passou por um período de desaceleração, Mantega vê um momento de “virada para o crescimento”, com expansão moderada em junho e um ajuste de estoques, que deve permitir o aumento da produção nos próximos meses para atender às encomendas de fim de ano.

Os juros reais, hoje em 2%, e o câmbio em torno de R$ 2 reduzem o custo do investimento e “dão competitividade às exportações brasileiras”, ressaltou o ministro.

José Isaac Peres, presidente da Multiplan, lembra que a queda dos juros tem impacto positivo não só para o consumo como também para investimentos. “As medidas não afetam a companhia, mas indiretamente colhemos os bons frutos das políticas de estabilização, da expansão do consumo e da redução dos juros.” Otimista, a construtora prevê continuidade no programa de investimentos para 2013. Isso inclui a inauguração de um shopping em Maceió, a expansão do Barrashopping no Rio e a conclusão de duas torres no Morumbi Corporate, em São Paulo.