Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Primeiro trimestre será fraco para a indústria, prevê Iedi

FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

 

A indústria vai produzir menos neste primeiro trimestre do ano na comparação com igual período do ano passado, segundo avaliação de empresários reunidos no Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), que prefere não citar números. Com a queda do consumo interno e externo, as fábricas entraram em 2009 com estoques altos, e o corte na produção pretende ajustar a oferta à demanda.

Os setores mais dependentes de financiamento, como o de bens duráveis (carros e eletroeletrônicos) e o de bens de capital (máquinas e equipamentos), são os que mais devem sofrer com a crise. “O dinheiro existe no mercado, só que está muito caro”, diz Rogério César de Souza, economista do Iedi.

Os setores de não-duráveis, como o de alimentos, sofrerão mais em algumas regiões do país, como Norte e Nordeste, segundo o instituto. Os empresários acreditam que o resultado do primeiro semestre deste ano será um pouco mais favorável, e a produção deve ser igual à de igual período de 2008.

Uma das grandes preocupações dos exportadores, diz Souza, é que os principais clientes do Brasil estão reduzindo suas compras, como a Argentina, que cortou em quase 50% as encomendas em janeiro. “Outra preocupação é que países como a China comecem a dar descontos em seus produtos e que isso possa neutralizar os efeitos de uma taxa de câmbio mais favorável às exportações.”

A situação desfavorável à indústria foi detectada pelo PMI (Índice Gerentes de Compras), do Banco Real, indicador que mostra o desempenho do setor industrial. Ele atingiu 38,1 pontos em janeiro deste ano, o quarto recorde consecutivo de queda. Em dezembro do ano passado, foi de 40 pontos.

Esse índice mostra o desempenho da produção, dos pedidos em carteira, do emprego, dos estoques e da entrega de fornecedores. Abaixo de 50 pontos indica que, de modo geral, a economia está em retração. “As condições operacionais na economia industrial brasileira deterioraram consideravelmente durante o mês”, cita relatório do Banco Real.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) prevê que, descontados os efeitos sazonais, a produção da indústria paulista em janeiro seja menor que a de dezembro. “Essa crise tem a característica de ser rápida e violenta”, diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos.

Na avaliação dele, todos os setores vão sentir os efeitos da crise, só que uns com maior intensidade (como os exportadores e os mais dependentes de crédito). Mas também os setores mais ligados à renda do consumidor podem sofrer à medida que cresçam as demissões e caia a renda do trabalhador.

Sussumu Honda, presidente da Abras, associação de supermercados, diz que o ritmo de vendas do setor diminuiu em janeiro, mas ainda é maior do que em igual mês do ano passado. “Alimentos básicos não serão afetados pela crise”, diz. A expectativa do setor é crescer 2,5% neste ano sobre 2008, quando o setor registrou expansão de quase 9%.