Valor Econômico
Thiago Resende
BRASÍLIA – A parcela da população brasileira com renda menor que um salário mínimo diminuiu de 71% para 58% entre 2002 e 2009, mas a distribuição da pobreza não mudou no período e continua concentrada nos municípios das regiões Norte e Nordeste.
As informações são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no estudo Mudanças recentes na pobreza brasileira, divulgado há pouco. Em 2009, havia 107 milhões de brasileiros vivendo com menos do que R$ 465 per capita mensais.
A conclusão do Instituto é que “a ênfase nos municípios pequenos do Nordeste pode conferir maior efetividade à política de combate à pobreza”. O professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade de Brasília Vicente Faleiros destaca que “os programas sociais reduzem a pobreza, mas não reduzem a desigualdade”.
Os dados divulgados revelam que 51% dos considerados extremamente pobres estavam inativos ou desocupados em 2009. Já entre os pobres o índice era de 40%. O Ipea concluiu que, apesar dos programas do governo, “a ascensão social só é possível para famílias beneficiárias que têm outra fonte de renda”. O professor defendeu que “pelos salários que você vê a distribuição de renda e não pela transferência de renda”.
A desigualdade social, medida pelo índice de Gini, reduziu 6% nos oito anos analisados. Caiu de 0,565 para 0,538. Na avaliação especialista Vicente Faleiros, deve-se investir em políticas públicas universais, como educação, saúde, além de serviços básicos (saneamento, transporte). “Precisa de investimento no território de exclusão e uma gestão extremamente competente”, completou. (Thiago Resende / Valor)