Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Pequena indústria corta vagas

13 de junho de 2012
Jornal da Tarde

LUCIELE VELLUTO

Baixo crescimento e concorrência com os produtos importados têm prejudicado o mercado de trabalho das indústrias de pequeno porte paulistas. Pesquisa feita pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) no primeiro trimestre deste ano mostra que 6% das vagas foram fechadas nos últimos 12 meses nas empresas menores, o que equivale a 72 mil empregos a menos no Estado no período.

De acordo com o diretor de relações institucionais do Simpi, Rogério Grof, as micro e pequenas indústrias têm enfrentado dificuldades em relação à competitividade dos produtos importados. “Não é só a questão do câmbio, mas a concorrência é desleal quando comparamos produtos fabricados no Brasil e em países que não respeitam ou têm legislação trabalhista e ambiental, por exemplo”, afirma.

Os segmentos industriais que mais apresentam dificuldades quanto aos itens que vêm de fora são os fabricantes de produtos de vestuário, calçados, peças metálicas e máquinas. Nem a recente mudança de patamar do câmbio tem ajudado. “O aumento recente do dólar para R$ 2, que poderia diminuir a compra dos importados, ainda não foi sentido pelas empresas”, argumenta Grof. No levantamento, 39% das companhias disseram ter perdido mercado por causa dos importados.

Além disso, houve queda do consumo interno no início deste ano, que é o principal mercado das micro e pequenas empresas do setor industrial. “Apenas 5% das empresas exportam. A maioria depende do mercado interno, que vem reduzido o sua demanda”, diz o diretor sindical.

Para o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) Ricardo Humberto Rocha, a indústria de menor porte acaba refletindo os resultados fracos da economia brasileira. “É só ver como ficou o PIB (Produto Interno Bruto) – crescimento de 0,8% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2011 -, que apresentou um resultado pífio. A indústria, no geral, é a que mais sofre. E as pequenas tem uma estrutura de capital mais frágil ainda.”

A pesquisa do Simpi mostra que 46% das 400 empresas participantes da pesquisa reduziram sua produção nos primeiros três meses deste ano em 32,7%.

Quanto aos empregos, 26% delas reduziram o quadro de funcionários e 6% deixaram de contratar no período. O segmento de pequenas e micro indústriais emprega 1,2 milhão de trabalhadores no Estado de São Paulo.

A expectativa para os próximos meses, no entanto, é de recuperação.

Trinta e cinco por cento dos micro e pequenos empreendedores pretendem contratar nos próximos 12 meses se a economia retomar o crescimento. “Mas essa melhora depende de muitos fatores. Não dá para saber se estamos no meio ou no fim da crise econômica internacional”, diz Rocha.

Brasil

No País, o emprego industrial em geral teve redução de 0,3% no número de vagas de em abril ante março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). No acumulado do ano, a perda é de 0,9% no setor. Em São Paulo, o corte chegou a 3,2% no ano. A queda atingiu 11 dos 18 setores investigados em todo o País, com destaque para vestuário (-6,8%), produtos de metal (-5,5%), calçados e couro (-6,6%) e têxtil (-5,3%).