Presidente americano diz, porém, que exigirá mudanças drásticas
Agências internacionais, WASHINGTON E DETROIT
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem que as montadoras americanas devem mesmo receber um auxílio extra do governo, mas acrescentou que os recursos exigirão como contrapartida “algumas mudanças drásticas” no setor. “Nós ofereceremos alguma ajuda”, disse Obama, durante uma sessão interativa de perguntas na Casa Branca. “Eu sei que não é popular auxiliar os funcionários ou as empresas do setor automobilístico, mas meu trabalho é pesar qual o custo de permitir o colapso destas empresas em relação a nós descobrirmos se elas podem bolar um plano viável.”
“Se elas não estiverem dispostas a realizar as mudanças, eu não estarei propenso a colocar dinheiro dos contribuintes num mau negócio. Então, muita coisa vai depender da disposição delas para fazer algumas mudanças drásticas”, disse Obama. O presidente americano disse que divulgaria detalhes a respeito de seu posicionamento sobre as montadoras nos próximos dias.
A General Motors e a Chrysler já receberam em dezembro uma ajuda de US$ 17,4 bilhões do governo – foram US$ 13,4 bilhões para a GM e US$ 4 bilhões para a Chrysler. Para receber uma nova ajuda, foi exigido que as empresas apresentassem, até o final deste mês, um plano de ajustes que mostrasse sua viabilidade econômica. O governo de Barack Obama já criou uma força-tarefa, presidida pelo seu secretário do Tesouro, Timothy Geithner, para supervisionar os esforços das montadoras. A GM solicitou ao governo mais US$ 16 bilhões de ajuda, enquanto a Chrysler pleiteia mais US$ 5 bilhões.
PDV
Como parte desse objetivo de reduzir custos drasticamente, a General Motors anunciou ontem a adesão de 7,5 mil funcionários a seu plano de demissões voluntárias. A maioria desses empregados deixará a companhia até o próximo dia 1º de abril. Os funcionários são membros da United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores do setor.
Pelo pacote oferecido pela empresa, esses empregados vão receber uma pensão de US$ 37 mil por ano, além de US$ 20 mil imediatamente mais um crédito de US$ 25 mil para a compra de um automóvel da montadora. A GM poderá agora contratar novos empregados para algumas das vagas que foram desocupadas pagando US$ 14 por hora, a metade do que pagava aos que aceitaram se aposentar.
“Esses funcionários dedicaram muitos anos de serviços à General Motors e eu gostaria de agradecê-los por tudo que fizeram pela companhia”, afirmou o vice-presidente de Relações Trabalhistas, Gary Cowger, por meio de um comunicado. “Este é outro exemplo do compromisso da GM em executar seu plano de viabilidade. Ainda há muito a fazer, mas o programa de demissões voluntárias, junto com outras ações difíceis, mas necessárias, tomadas nos últimos meses, ajudarão a assegurar a viabilidade e o sucesso futuro da General Motors”, afirmou o executivo.
Desde 2006, cerca de 53 mil funcionários já haviam deixado a empresa. Com os números divulgados ontem, essa cifra ultrapassa agora os 60 mil.