Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Cláudio Magrão

Não há mais o que esperar!


Estamos em Campanha Salarial e a perversidade do sistema econômico em que vivemos todos já sabem. Uma crise como a qual estamos passando torna-o ainda mais cruel e injusto com os trabalhadores na medida em que, em tal sistema, os mesmos se tornam o elo mais fraco diante do medo instaurado pelo desemprego. Os setores sociais se organizam e, ao contrário de procurarem o mínimo de equilíbrio em suas relações, cada um procura salvar-se de qualquer maneira neste barco à deriva e que afunda rapidamente.

Do governo pouco ou nada podemos esperar. Este, por ter colocado o país em uma inacreditável crise política e moral, tornou-se incapaz de produzir qualquer alternativa para uma retomada do crescimento econômico à curto ou médio prazo. Sustentou políticas públicas durante mais de uma década através de incentivos fiscais doados às elites da cadeia produtiva do país até produzir déficits irrecuperáveis que não sejam através de novos impostos. Seja para tapar os rombos nas contas públicas, seja para manter a gigantesca e inoperante máquina do Estado brasileiro.

E os grandes empresários? Bom, estes além de controlarem a política no país, acostumaram-se à viver da tutela do Estado e de incentivos que os fazem, agora, retribuir à sociedade demitindo seus trabalhadores que, ao final das contas, construíram toda a riqueza do país nas últimas décadas.

Então voltamos à Campanha Salarial.  As negociações se desenrolam e as dificuldades de conseguirmos ao menos as perdas salariais são imensas. O Governo tem seus argumentos para a crise! Os Empresários se argumentam na crise criada pelo Governo! E nós, trabalhadores? Mais uma vez vamos ficar com todo o ônus de uma política econômica irresponsável e de uma lógica do grande capital que nada mais quer do que se manter grande custe o que custar? Pode parecer impossível ou incoerente, mas a única saída para isso tudo realmente está nas mãos dos trabalhadores. Mobilização, conscientização e ação nas ruas, portas de fábricas ou quaisquer locais de trabalho, serão a única maneira de colocarmos algum rumo positivo para uma crise que não fomos nós que criamos. Não há mais o que esperar.

Cláudio Magrão
Presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP