Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Economia

Na estreia da equipe econômica, BC sobe juros a 12,25%, recorde em 3,5 anos

Do UOL, em São Paulo 21/01/201519h27 > Atualizada 21/01/201520h46

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano. Os juros são os maiores em três anos e meio, desde julho de 2011 (quando estavam em 12,5%). A decisão foi unânime.  A alta beneficia investimentos em renda fixa, como fundos DI, CDBs, LCIs e LCAs, segundo analistas.

É o terceiro aumento seguido: houve altas nas duas últimas reuniões, em outubro (11,25%) e dezembro de 2014 (11,75%).

Esta foi a primeira reunião do Copom no ano e com os integrantes da nova equipe econômica já em seus cargos. O aumento era esperado por analistas econômicos.

Em nota divulgada sobre a decisão, o Banco Central retirou do comunicado a expressão “parcimônia”. “Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p. [ponto percentual], para 12,25% a.a. [ao ano], sem viés”, diz o documento.

Na nota da reunião anterior, em dezembro, o Copom dizia que o “esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia”.

O novo governo de Dilma Rousseff (PT) está adotando medidas impopulares, como aumento de impostos, com o objetivo de acertar as contas federais. Na segunda-feira (19), o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou quatro medidas aumentando tributos em operações de crédito, combustíveis, cosméticos e importação.

Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação

Uma das maiores críticas a Dilma tem sido a economia, incluindo a inflação em alta. Os juros são usados, entre outras coisas, para tentar controlar a inflação. O governo tenta recuperar confiança do mercado.

A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Os juros no cartão de crédito bateram o recorde em mais de 15 anos, segundo a Anefac (associação de executivos de finanças), com 258,26% ao ano (dados de dezembro de 2014). O juro médio ao consumidor nas operações de crédito em geral foi de 108,16% ao ano, também em dezembro.

A inflação oficial, medida pelo IPCA, foi de 6,41% em 2014, ficando muito perto do limite máximo da meta do governo, que é de 6,5%. A meta do BC é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas são aceitos dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, variando de 2,5% a 6,5%, o chamado teto da meta).

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

Além de inflação, o país tem um crescimento muito pequeno. Segundo o IBGE, a economia brasileira, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto), cresceu 0,1% no terceiro trimestre. Esse leve crescimento tirou o país da recessão técnica, que ocorre quando o PIB (Produto Interno Bruto) tem resultados negativos em dois trimestres seguidos.

A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre e 0,2% no primeiro trimestre. Recessão significa redução de consumo, menos produção e risco de desemprego.

Poupança continua rendendo igual

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo.

Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com Reuters)