Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Metalúrgicos se filiam à Força Sindical

Talita Ribeiro

Mesa: Presidentes da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos
participam da cerimônia de filiação



Depois de ficar cinco anos sem filiação a nenhuma central sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense passou a integrar, hoje (16), a Força Sindical, à qual era ligado até 2006. A decisão foi tomada em uma assembleia realizada nesta sexta-feira, na subsede Retiro da entidade. O ato de filiação foi assinado a seguir pelos presidentes do sindicato, Renato Soares, e da central, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT).

A decisão de retornar à central, segundo Renato, foi amadurecida durante esses cinco anos, em um processo que passou pelas filiações à Federação dos Metalúrgicos do Estado do Rio e à Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O sindicalista não perdeu a oportunidade de criticar seus antecessores na presidência do sindicato.

– As gestões anteriores do Sindicato dos Metalúrgicos desgastaram a imagem da Força Sindical em Volta Redonda, mas esta é atualmente a central dos sindicatos que conseguem os melhores salários e PLRs (Participações nos Lucros e Resultados). É a central que está na vanguarda –  disse Renato.

Paulinho da Força disse que o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense é mais conhecido internacionalmente do que o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que ele presidiu, e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, que foi presidido pelo ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (PT). Motivo: a greve de 1988, quando morreram três operários, e que influenciou o cenário político do país, ajudando a eleger Luiza Erundina para o governo de São Paulo pelo PT. Esse histórico, segundo ele, já é motivo para comemorar a volta do sindicato à central.

– Foi uma conquista ter o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense de volta – afirmou.

Juros e desindustrialização

Tanto Paulinho quanto Renato foram duros ao protestar contra as altas taxas de juros e as importações. Segundo Paulinho, as taxas de juros elevadas retraem o consumo e freiam os investimentos produtivos, enquanto as importações estão colocando o Brasil no caminho da desindustrialização.

Paulinho afirmou que, atualmente, 19% de tudo o que é consumido no Brasil é importado. Ele lembrou que o setor de máquinas e equipamentos, que tinha superávit comercial de US$ 600 milhões há seis anos, agora tem déficit de US$ 24 bilhões. Os eletroeletrônicos, que tinham equilíbrio entre exportações e importações, agora têm déficit de US$ 35 bilhões.

Ele lembrou também que as importações no setor automotivo estavam começando a preocupar.

– Nos primeiros oito meses de 2011, o Brasil importou 960 mil veículos, 200 mil a mais que a produção da Fiat, a maior montadora do Brasil. Além das importações de carros prontos, também nos prejudicam as importações de CKDs (kits de carros desmontados), como faz a Hyundai. O modelo Azeera, que custa R$ 120 mil para o consumidor, chega aqui por menos de US$ 10 mil (cerca de R$ 17 mil) em caixas, e é montado sem que seja produzida uma única peça no país – disse ele.

A medida tomada hoje pelo governo federal, elevando em 30 pontos percentuais o IPI para carros importados, foi positiva para o sindicalista, assim como a decisão de baixar os juros.

Já a decisão de 18 estados brasileiros de zerar o ICMS sobre as importações que entram por seus portos foi motivo de protesto. Paulinho afirmou que pretende mudar isso com um projeto de lei que estabelece a cobrança de ICMS no destino, em vez de na origem da mercadoria.