Em uma assembleia que mais uma vez reuniu milhares de trabalhadores da General Motors em Gravataí foi aceita a proposta da Justiça do Trabalho elaborada com o objetivo de impedir a greve.
O encontro teve início às 15h40 com a mobilização feita pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, em frente ao portão de acesso da fábrica de Gravataí. Com a decisão está descartada a hipótese de greve. O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Edson Dorneles, comenta que a categoria entendeu que houve importantes avanços na negociação e decidiu aprovar a proposta.
– A GM não quis pagar para ver e sabia que o trabalhador da fábrica estava muito mobilizado e determinado a não aceitar mais um tratamento de segunda linha e tão desigual em relação aos seus companheiros de trabalho de São Paulo – disse.
O sentimento no chão de fábrica foi praticamente unânime da necessidade de se valorizar mais o trabalho que é feito na unidade da GM em Gravataí. O trabalho agora, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, é intensificar a bandeira de isonomia no tratamento dos funcionários da GM de Gravataí na comparação com outras unidades do país.
– Esse ano levantamos a bandeira de isonomia no tratamento. Somos todos brasileiros e mesmo que existam questões regionais, não se pode admitir que seja tão inferior ao restante do Brasil. Foi um primeiro grande passo e os trabalhadores foram os principais responsáveis para que a GM mudasse sua posição – completou.
A proposta retirada da reunião de conciliação aponta para reajuste de 10,5%, inclusive sobre o atual piso salarial, a partir de 1º de julho; PPR de R$ 6.200,00 (para 100% das metas) e abono de R$2.000,00. Os números foram definidos através da mediação da Justiça do Trabalho realizada ao longo de toda a tarde de terça-feira (19). Foram quase 4 horas de debate entre representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí e da direção da GM. Entre outros temas, os sindicalistas relataram o sentimento de indignação no chão de fábrica com as diferenças salariais e de benefícios na comparação com outras unidades da GM em São Paulo.
A mediação ocorreu na sede do Tribunal Regional do Trabalho, na sala 1003 e foi conduzida pela vice-presidente do TRT-RS, desembargadora Maria Helena Mallmann, no exercício da presidência da Seção de Dissídios Coletivos. A procuradora regional Beatriz de Holleben Junqueira Fialho representou o Ministério Público do Trabalho.
Em assembleia realizada na última segunda-feira (18), com a participação de mais de 2 mil trabalhadores da empresa, foi aprovado o estado de greve, pois não houve consenso quanto à pauta de reivindicações, que incluia reajuste salarial, abono e PPR (programa de participação nos resultados). Na ocasião foi aprovado também indicativo do dia 25 de abril como prazo para que a montadora atendesse às reivindicações, caso contrário os trabalhadores cruzariam os braços.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí representa aproximadamente 14 mil funcionários dos setores metalmecânico, eletroeletrônicos, autopeças e montadoras de automóvel. Abrange aproximadamente centenas de empresas do município de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, entre elas a Montadora General Motors e Sistemistas.