Jornal da Tarde
De janeiro a fevereiro, 96 mil pessoas entraram no mercado à procura de emprego
O aumento da procura por emprego foi o principal fator para a elevação da taxa de desemprego no mês de fevereiro na região metropolitana de São Paulo e em outras cinco regiões pesquisadas pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“O sentimento de que a economia está indo bem levou mais gente a buscar uma posição no mercado de trabalho”, afirma Alexandre Loloian, coordenador pela Fundação Seade da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
Segundo a PED, a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu de 11,8% em janeiro para 12,2% em fevereiro. O índice agregado de seis regiões (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal) cresceu de 12,6% para 13% na mesma base de comparação. Ainda assim, foi o menor índice desde fevereiro de 1998, quando bateu em 17,5%.
Na opinião de Loloian, não é comum haver um aumento da População Economicamente Ativa (PEA) – que reúne ocupados e desempregados – tão intenso.
Entre janeiro e fevereiro, mais 96 mil pessoas entraram no mercado de trabalho à procura de emprego, porém apenas 42 mil foram recolocadas, deixando um saldo de 54 mil desempregados na região metropolitana de São Paulo. “O aumento da PEA, de 0,9% no mês, é muito elevado para fevereiro”, diz Loloian.
Outro dado incomum foi o aumento do nível de ocupação em fevereiro, de 0,5%. Desde 1986, só em 2008 o nível de ocupação tinha aumentado em fevereiro.
Na comparação anual, contudo, todos os setores apresentaram resultado positivo na criação de vagas: a indústria criou 70 mil postos de trabalho em fevereiro de 2010, ante fevereiro de 2009; o comércio agregou mais 36 mil vagas; serviços criou mais 134 mil vagas e outros setores adicionaram 90 mil postos.
Outro dado positivo da PED de fevereiro foi o número de empregados com carteira assinada, cujo aumento seguiu a tendência de alta das últimas pesquisas, destaca Sérgio Mendonça, coordenador da pesquisa pelo Dieese.
“Esse crescimento de vagas com carteira assinada é inédito. Hoje, de dez empregos criados, oito são com carteira, dois sem. Nos anos 1990, a relação era inversa”, conta Mendonça. Ana Conceição