Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Lula prioriza crescimento em vez de inflação

KENNEDY ALENCAR – EM SÃO PAULO

Manter o crescimento econômico em pelo menos 4% em 2009 e 2010 é hoje um problema maior do que controlar a inflação. E a falta de liderança política nos Estados Unidos, que vivem um processo eleitoral, contribuirá para arrastar uma crise que já dura um ano.

Essa são as principais avaliações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise econômica nos EUA e os efeitos dela sobre o Brasil, segundo apurou a Folha.

Para o presidente, é importante manter o crescimento para terminar o mandato com popularidade em alta e cacife suficiente para tentar eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como sucessora.

Ao priorizar o crescimento da economia, Lula não pretende adotar medidas inflacionárias. Na visão do governo, o fantasma do início do ano, que era o descontrole da inflação, foi substituído. O temor do presidente é uma queda expressiva no ritmo de crescimento.

Um dos efeitos dessa avaliação é o diagnóstico no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda de que o Banco Central deve interromper o processo de alta dos juros na reunião do final deste mês. A taxa básica de juros, a Selic, está hoje em 13,75% ao ano.

Ou seja, já há pressão sobre o BC para que pare de subir os juros. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o órgão do BC que fixa os juros a cada 45 dias, a alta de 0,75 ponto percentual foi decidida pelo placar de 5 a 3 -estes queriam elevação de 0,5 ponto percentual.

Lula já estava preocupado com o efeito da política monetária sobre o crescimento econômico em seus dois últimos anos de poder. Agora, essa preocupação aumentou e já foi transmitida ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Para Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já haverá uma desaceleração econômica mundial que contribuirá para manter a inflação brasileira dentro da meta até 2010.

O atual processo de juros já afetou as expectativas sobre a inflação de 2009, aproximando-a do centro da meta, que é de 4,5% ao ano, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).