Para analistas, fusão entre as duas empresas levaria vários anos para se tornar lucrativa
Tom Krisher, Associated Press, Detroit
Para a General Motors Corp. adquirir a sua rival Chrysler LLC, com todos os seus problemas, vai ter de conseguir dinheiro desesperadamente. E muito dinheiro, segundo analistas do setor. Como ambas as montadoras passam por dificuldades para sobreviver em meio à queda nas vendas, à desaceleração do mercado global e a uma crise sem precedentes do crédito, não está claro se o sócio majoritário da Chrysler, o fundo de private equity (compra de participações em empresas) Cerberus Capital Management LP, estaria disposto a um acordo ou se o governo federal poderia se envolver em uma ou ambas as empresas.
“A Chrysler teria de representar muito mais para a GM do que representa”, disse Erich Merkle, analista do setor automobilístico da Crowe Horwath LLP, empresa de contabilidade e consultoria. “Se as duas montadoras se juntarem, ambas com perdas monetárias e perdas no mercado de ações, então o que se vai ter será uma montadora perdendo ações com mais rapidez e perdendo mais dinheiro”, acrescentou.
A General Motors e o fundo Cerberus, que detém 80,1% da Chrysler, têm mantido conversações preliminares sobre uma aquisição ou um outro tipo de união das duas empresas, segundo uma fonte próxima das negociações, que quis ficar no anonimato.
Uma fusão das duas montadoras será algo histórico para o setor e pode consolidar a posição da GM como líder mundial de vendas, posição que ela corre o risco de perder para a japonesa Toyota Motor Corp. Em 2007 a GM e a Toyota praticamente se igualaram em termos de vendas de veículos no mundo. Este ano, no entanto, a Toyota vem se mantendo à frente da companhia americana.
A GM e a Chrysler já participam de uma empresa em conjunto, da qual também faz parte a alemã BMW AG, que fabrica conjuntos de motores e de transmissão híbridos, movidos a gás e eletricidade.
Embora uma fusão das empresas possa resultar em economias, com a combinação das áreas de gerenciamento, engenharia, manufatura e do pessoal administrativo, para os analistas a consolidação pode provocar mais gastos ainda e os lucros provavelmente só aparecerão depois de vários anos. O que já seria muito tarde para as duas montadoras.
A Chrysler perdeu pelo menos US$ 510 milhões no primeiro trimestre e US$ 1,6 bilhão no ano passado. Suas vendas caíram 25% este ano, o pior resultado já contabilizado por uma montadora do seu nível. A GM, por outro lado, vem perdendo mais de US$ 1 bilhão por mês em liquidez.
Na semana passada, as ações da GM na Bolsa de Nova York chegaram a cair mais de 30% em um só dia, atingindo seu nível mais baixo desde 1950. Com o aprofundamento da crise no mercado automobilístico americano, a agência de classificação de risco Standard & Poor?s chegou a dizer, na sexta-feira, que havia o risco de GM, Ford e Chrysler terem de pedir concordata em um período não muito distante.