Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Jovens usam a web sem supervisão

Pesquisa indica que maioria dos paulistas entre 6 e 18 anos navega na internet sem a orientação de adultos

Karina Toledo

Crianças e adolescentes paulistas que têm internet em casa passam a maior parte do tempo navegando sozinhas ou com outros jovens, sem a supervisão dos pais. Além disso, 46% dos jovens reconhecem que os pais não perguntam sobre os sites que eles acessam e 60% dizem frequentar lan houses, onde estão livres do monitoramento de adultos. Outros 60% dizem já ter se encontrado com um amigo que conheceram online.

Os dados são de uma pesquisa com 4.205 estudantes – 790 de 6 a 9 anos e 3.415, de 10 a 18 -, feita por pesquisadores da Universidade de Navarra, Espanha, em parceria com a Fundação Telefônica. Também foram entrevistados jovens da Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela – mais de 25 mil -, entre outubro de 2007 e junho de 2008. No País, o levantamento foi concentrado em São Paulo, onde mais atua a Telefônica.

“Nosso objetivo era entender como os jovens lidam com as tecnologias para tentar promover o uso seguro”, explica o presidente da Fundação Telefônica, Sérgio Mindlin. “Boa parte navega sem orientação de pais e professores. A pesquisa mostra que apenas 8% dos pais navegam junto com os filhos e 40% perguntam o que eles estão fazendo, mas não interferem muito.”

A presença de um computador no quarto do jovem, o que dificulta o controle dos acessos e do tempo de navegação pelos pais, foi mais frequente no Brasil do que nos outros países (44%), e só 11% disseram utilizar filtros de acesso.

PERIGO VIRTUAL

Charo Sábada, professora da Faculdade de Comunicação de Navarra, diz que as redes sociais fazem mais sucesso aqui. “Os brasileiros usam mais a rede para fins sociais e são extremamente comunicativos.” Ela ressalta que a pesquisa foi feita com jovens urbanos, a maioria moradores da capital. “Na cidade grande, as distâncias e os perigos são maiores e os jovens tendem a ficar mais em casa”, avalia.

A lan house do Sesc Ipiranga é local de interação com amigos para a estudante Evelyn Marques, de 13 anos. Lá ela navega por cerca de uma hora quase todos os dias. Na maioria das vezes está sozinha ou com primos e amigos. “Entro mais no Orkut e no MSN para falar com conhecidos e compartilhar fotos, mas nunca converso com estranhos”, conta. Leo Leon, de 12, conta que navega mais em casa, principalmente pelo Orkut, e pratica jogos online. “Minha mãe e meu irmão ficam no quarto. Minha mãe sempre pergunta o que estou fazendo. O maior medo dela é que eu acesse sites pagos para baixar jogos.”

A principal preocupação dos pais sobre o comportamento dos filhos na internet é com o fornecimento de informações pessoais na rede. Em segundo vem a preocupação com a aquisição de produtos e serviços online e, em terceiro, o preenchimento de formulários. As demais, como bater papo, baixar e enviar arquivos, trocar e-mails, jogar e ver vídeos, não superam índice de proibição de 10%.

Um dado positivo, diz Charo, é que no Brasil o índice dos que declaram deixar de estudar ou de se relacionar com a família para ficar na internet foi o mais baixo entre os pesquisados.

NÚMEROS

46% dos pais não perguntam aos filhos sobre os sites que eles visitam na internet

60% dos jovens frequentam lan houses, onde não há monitoramento

8% dos pais navegam junto com os filhos