Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Janeiro recorde no emprego


Foram abertas 181,4 mil vagas, a melhor marca para o mês desde 1992. Indústria puxou índice

Jacqueline Farid, Marília Almeida e Ricardo Leopoldo

O mercado de trabalho formal do País iniciou o ano com criação recorde de vagas. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a abertura de 181.419 postos formais de trabalho em janeiro, o melhor resultado para o mês do levantamento do Ministério do Trabalho, iniciado em 1992.

O desempenho foi comemorado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que destacou sobretudo a criação, também recorde, de vagas na indústria. O desempenho do setor chama a atenção também na região metropolitana de São Paulo.

Em janeiro, a indústria criou 68.920 vagas de trabalho formais, recorde histórico do setor para meses de janeiro. “Com o fim da crise e os estoques baixos, a indústria começou a contratar fortemente. É a demonstração mais forte da recuperação e do crescimento da economia do País”, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Por sua vez, a indústria da região metropolitana de São Paulo teve o saldo mais alto de vagas nos últimos dez anos. Em janeiro, a diferença entre funcionários admitidos e desligados foi positiva em 9.789 postos. No mesmo mês do ano passado foram fechadas 9.873 vagas. Os dados por região desde o início da série histórica, em 1992, não foram colocados à disposição pelo Ministério.

“A indústria foi a mais afetada pela crise. Não surpreende que também tenha recuperação mais forte”, diz Paulo Francine, diretor do departamento de economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Nos anos anteriores, o saldo do setor na região metropolitana de São Paulo no mês oscilou entre 1.023 novos postos, registrado em 2002, e 9.130 novas vagas em 2008. Só em 2009 houve corte de empregos no setor em janeiro.

Apesar da recuperação, o saldo de vagas do setor ainda é negativo na região: 6.894 postos foram fechados nos últimos 12 meses. “A indústria é o único setor que ainda não recuperou o estoque de mão de obra existente no período anterior à crise. Os trabalhadores podem esperar mais oportunidades nos próximos meses”, afirma Fábio Romão, economista da consultoria LCA.

Em janeiro foram criados 30.788 postos na região metropolitana. O setor de serviços concentrou o maior número de oportunidades (14.177), seguido pela indústria. No País, os serviços abriram 57.899 postos. Já a construção civil gerou 54.330 postos. Só o comércio, por questões sazonais, com corte dos temporários contratados no final do ano anterior, recuou, com menos 6.787 postos de trabalho em todo o Brasil.

Lupi acredita que nem mesmo um eventual aumento da taxa básica de juros (Selic) poderá impedir que a meta de geração de 2 milhões de vagas formais em 2010 seja atingida. “Se tiver algum aumento dos juros será muito pequeno e não influenciará a geração de empregos”, afirmou.

Mas o economista da PUC-Rio, José Márcio Camargo, acredita que a esperada alta dos juros terá influência sobre o emprego. Ele diz que, com a elevação das taxas, os empresários poderão concluir que haverá redução da atividade e contratar menos. “Mas o efeito não ocorre em curtíssimo prazo, nem será muito grave.” Para Camargo, outros fatores, além dos juros, podem prejudicar a criação recorde de vagas este ano. Ele cita que o agravamento da crise nos países do sul da Europa, que poderá restringir o crédito internacional e comprometer o crescimento da economia brasileira.

Negociações

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, espera melhora nas negociações deste ano. “Na crise, houve queda na renda, redução de jornada e suspensão de contratos para manutenção do emprego. Agora esperamos que essas condições voltem ao normal.”