DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários e trabalhadores viram com preocupação o resultado do Produto Interno Bruto. A percepção é que a crise deve arrastar a economia para um quadro de recessão neste ano se o governo não tomar medidas urgentes.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, a redução drástica na taxa Selic é o ponto de partida para qualquer ação no sentido de conter a crise.
“O Copom [Comitê de Política Monetária] precisa se reunir semana sim, semana não para colocar os juros em um patamar de 8%, no máximo. Nada que se faça com os juros nas alturas será suficiente”, disse. Hoje, o órgão define a Selic para os próximos 45 dias.
A diminuição da taxa básica, para Skaf, é condição mínima para o governo não comprometer o crescimento deste ano. “Se for para crescer 1%, tem que agir dessa maneira.”
Em nota, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), também disse que é preciso aproveitar o espaço na política monetária e promover reduções de juros mais intensas.
Para as centrais sindicais, o resultado do PIB serve de alerta para os problemas que os trabalhadores terão de enfrentar neste ano. “O resultado também mostra que o país não está imune à crise internacional”, afirma Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. Na avaliação de Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), apesar da crise, o país teve crescimento “razoável” no ano passado.
De acordo com o presidente da Vale, Roger Agnelli, o Brasil está com “posicionamento muito bom”, apesar da crise. “O fato é que a gente tem de olhar para a frente e trabalhar para poder superar esta fase.”
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirma não acreditar em recessão “profunda” no país. “Não acho que o Brasil esteja entrando em uma recessão profunda. O mercado interno é a grande apólice de seguro para ultrapassarmos a crise.”