Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Indústria já vê PIB zero em 2009


Economista-chefe da CNI antecipa revisão, e adianta que desempenho negativo da indústria este ano ´´é possível´´

Leonardo Goy

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai apresentar em duas semanas uma revisão das previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas já adianta que o índice ficará bem próximo de zero. “Deveremos revisar o crescimento do PIB para algo perto de zero”, disse o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, destacando que a previsão anterior, divulgada em dezembro, era de alta de 1,8%, no pior cenário.

O pessimismo da CNI foi impulsionado pelos últimos dados da indústria. Segundo Castelo Branco, a CNI já trabalha com a hipótese de a atividade do setor industrial brasileiro não crescer ou, pior, até encolher neste ano. “É muito difícil que a indústria mostre crescimento da atividade em 2009.” Para ele, ainda “é possível” que a indústria tenha desempenho negativo em 2009.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a produção fabril de janeiro caiu 17,2%, ante o mesmo mês de 2008. Ontem, a própria CNI confirmou a tendência, ao divulgar que as vendas reais da indústria brasileira caíram 13,4% em janeiro ante o primeiro mês do ano passado, já computando os ajustes sazonais.

O recuo é o maior da atual série histórica da CNI – iniciada em 2003 – e do governo Lula. Segundo a CNI, os dados atuais não são comparáveis com as estatísticas anteriores. No confronto dessazonalizado de janeiro deste ano com dezembro de 2008, as vendas caíram 4,3%.

Segundo a CNI, as vendas da indústria teriam de crescer pelo menos 12% até o fim do ano para compensar o tropeço de janeiro e fechar o ano no empate. O porcentual estimado é menor do que o da queda de janeiro porque o cálculo é feito em comparação com a média de 2008.

Outro motivo de preocupação é o índice que mede o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que voltou ao mesmo nível de novembro de 2003, com 78,4% em janeiro. “Predomina um grau de ociosidade intenso”, disse Castelo Branco.

A CNI constatou que a capacidade instalada recuou em 17 dos 19 segmentos industriais avaliados. As horas trabalhadas, outro importante indicador do ritmo de atividade, recuaram 6,5% em janeiro ante igual mês em 2008. De dezembro de 2008 para janeiro deste ano, houve alta de 1,3%.

A CNI apurou também que, na comparação de janeiro deste ano com o mesmo mês ds 2008, o emprego industrial teve ligeira queda de 0,1%. Na comparação de janeiro de 2009 com dezembro de 2008, o recuo foi um pouco maior, de 0,7%.

Apesar de não falar em porcentual específico, Castelo Branco também defendeu maior queda da taxa de juros na reunião desta semana do Copom. Segundo ele, “a economia sofre mais riscos de crescimento negativo do que de alta da inflação”.