Índice do setor ainda aponta retração, mas mostra melhor resultado em 11 meses
Com novo aumento dos investimentos estatais, setor de construção dos EUA registra crescimento de 0,3% nos gastos em junho
FERNANDO CANZIAN DE NOVA YORK
A atividade industrial nos EUA em julho voltou pela primeira vez ao nível pré-agravamento da crise, em setembro de 2008. Os gastos no setor da construção civil também subiram de forma inesperada, e a montadora Ford registrou em julho a primeira alta de vendas desde novembro de 2007.
Os dados positivos deram novo impulso à recuperação do mercado de ações. Na Bolsa de Valores de Nova York, o índice S&P 500 ultrapassou os mil pontos pela primeira vez desde novembro. Já o Dow Jones subiu 1,25%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq se valorizou em 1,52%.
O chamado Institute for Supply Management divulgou ontem que seu principal índice para medir a produção industrial americana subiu para 48,9 pontos no mês passado, ante os 44,8 pontos em junho.
Embora o índice abaixo dos 50 pontos ainda indique retração da atividade, ele não alcançava patamar tão elevado desde agosto de 2008. O índice está abaixo de 50 pontos desde janeiro de 2008. A atual recessão norte-americana começou em dezembro de 2007.
Também mensuradas em pontos, as encomendas totais da indústria subiram a 55,3 em julho, ante 49,2 um mês antes. É consenso que o processo de “queima de estoques” dos setores comercial e industrial no EUA deve ter chegado ao fim.
A reposição de produtos nos próximos meses deve ter impacto positivo em toda a cadeia produtiva, da venda de mais matérias-primas ao aumento da produção industrial.
Já os gastos no setor de construção subiram 0,3% em junho. Mais uma vez, como mostrou o resultado do PIB do segundo trimestre, foram as despesas públicas que deram novo fôlego à economia. Os gastos estatais em obras públicas (US$ 321 bilhões) atingiram recorde histórico em junho. Foi o quinto mês seguido em que os gastos públicos no setor de construção avançaram. Eles representaram cerca de um terço do total.
No resultado do PIB de abril a junho passado, as despesas do governo contribuíram com um quinto da atividade econômica total. “São novos dados mostrando que provavelmente a economia dos EUA começa a se recuperar. E que, provavelmente, o pior da crise tenha ficado para trás”, disse David Dietze, economista da Point View Financial Services.