DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Em gradual recuperação desde janeiro, a indústria paulista pisou no freio pela primeira vez neste ano.
Em junho, a produção caiu 2% ante maio (na comparação livre de efeitos sazonais), sob o impacto do fraco desempenho dos setores de alimentos e bebidas, farmacêutico e de fabricação de aviões, de acordo com o IBGE.
Na comparação do acumulado no primeiro semestre deste ano com o nível de produção de dezembro de 2008, a indústria de São Paulo acumula ainda uma alta de 5,3%. O percentual é insuficiente, porém, para compensar toda a retração provocada no período de pico da crise, que gerou perda de 18,5% entre setembro e dezembro de 2008.
Segundo André Macedo, economista do IBGE, o resultado de junho foi afetado especialmente pela produção menor de açúcar. O produto vinha de uma fase anterior de forte expansão e teve uma acomodação, justifica. A mesma análise, afirma, serve para remédios e aviões.
Para ele, a queda é pontual e não anula a recuperação lenta da produção das fábricas paulistas, tendência notada também em outros Estados. De maio para junho, a produção cresceu em 8 dos 14 locais pesquisados.
O destaque positivo ficou com o Pará (10,2%). O Paraná teve a maior queda (9%). Na média nacional, a produção avançou 0,2%.
No comparação com o primeiro semestre de 2008, porém, os resultados do setor industrial ainda permanecem fracos: todas as áreas tiveram queda, com destaque para Espírito Santo (29,3%) e Minas Gerais (21,3%), que exportam muito.
Em quase todas as áreas, a queda foi recorde na série histórica da pesquisa regional do IBGE, iniciada em 1991 (exceto Paraná, Pernambuco e Ceará). Em São Paulo, ela foi de 14,4%, acima da média nacional (13,4%) -maior queda desde 1976.
“Na média de um semestre, foi a queda mais forte para 11 regiões. Mas isso não significa que a indústria retornou a patamares de décadas atrás. O tombo foi o mais significativo, mas, em termos de nível de produção, a indústria brasileira, na média do semestre, retornou ao patamar de 2004”, afirma o economista Macedo.
Na visão do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, a queda em junho em São Paulo “pode ser um fato isolado, mas causa preocupação”. Isso porque traz o receio de comprometer uma reação mais firme neste semestre.
(PEDRO SOARES e CIRILO JUNIOR)