Fiesp divulga hoje número oficial que atesta fato inédito para janeiro de mais demissões do que contratações
Marcelo Rehder
Depois de um dezembro sombrio, os números do nível de emprego da indústria paulista em janeiro não são nada animadores. No mês passado, as empresas do setor fecharam entre 30 mil e 40 mil postos de trabalho, que se somaram às 130 mil vagas eliminadas em dezembro.
Desde 1994, foi a primeira vez em que as indústrias paulistas demitiram mais do que contrataram em um mês de janeiro. No ano passado, por exemplo, o nível de emprego teve crescimento de 0,6% em relação a dezembro, o equivalente à abertura de 13 mil postos de trabalho em janeiro.
Os números de demissões no mês passado são estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os dados oficiais serão divulgados hoje pela entidade.
“Tradicionalmente, janeiro é um mês de aumento no nível de emprego industrial, mas este ano os indícios são de que houve demissões”, disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp, após a solenidade em que o governador José Serra anunciou um pacote de medidas para conter o desemprego no Estado de São Paulo. “É um efeito forte da crise”, emendou o presidente da Fiesp.
Skaf ressaltou que a defesa do emprego tem sido a prioridade número 1 da Fiesp, diante do impacto negativo que a crise financeira mundial tem apresentado sobre as empresas do setor. “Eu fico o dia inteiro discutindo alternativas ao desemprego”, afirmou. “Muitas vezes, quando a gente quebra paradigmas, põe transparência na discussão, abre-se espaço para maldades, como aquela de falar que estamos defendendo a redução dos salários.”
Ele se referia às críticas que recebeu por ter tentado um entendimento com a Força Sindical para incentivar acordos entre empresas e trabalhadores para redução de jornada de trabalho e salário.
Segundo o presidente da Fiesp, todas as alternativas possíveis ao desemprego devem ser buscadas, “e com urgência”. “Eu acho uma ótima ideia essa que foi ventilada de poder usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) no caso de acordos para redução da jornada e salários, porque mantém o ganho do trabalhador. Ele vai trabalhar menos e poderá fazer cursos para se aprimorar profissionalmente.”
O presidente da Fiesp disse acreditar que a indústria brasileira como um todo e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, também deverão acusar aumento do desemprego em janeiro. “Eu acho que o reflexo vai ser semelhante.” Em dezembro, o Caged apontou o fechamento de 654.946 empregos – o pior resultado desde o início de sua série histórica, em maio de 1999.