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Impacto da crise reduzirá pressão inflacionária em 2009

A crise mundial deve amortecer o impacto da inflação no mercado interno e frear o aumento dos preços dos produtos importados. Por essa razão, especialistas acreditam que o Banco Central deve ser menos agressivo na sua política de aumento da taxa básica de juros (Selic) em 2009 em relação a 2008.

O ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, disse que o desaquecimento da economia mundial deve “conspirar” a favor da inflação no mercado interno. “O desaquecimento da economia mundial vai impactar o mercado interno, reduzindo o crédito (na ponta) e a pressão da demanda interna”, avalia. Para Freitas, a taxa de câmbio deve permanecer elevada em 2009 pela redução da entrada de dólar no Brasil, o que vai impactar no Balanço de Pagamento.

“Teremos redução da receita das exportações pela redução da demanda mundial, os preços das commodities agrícolas devem cair por conta da demanda mundial e menos capital especulativo no Brasil”, analisou Freitas. “Esse fator vai conspirar contra a inflação”, diz Freitas que atualmente é diretor da OF Consultoria.

Com opinião semelhante, o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), de Brasília, Vagner Lacerda Ribeiro, avalia que “a crise impactará a economia real do Brasil a partir de 2009; com isso, o Banco Central não deve ser agressivo na política monetária diante do quadro mundial de recessão”.

Seguindo a corrente de cautela no mercado, Ribeiro acredita que a economia brasileira crescerá no máximo 3% em 2009. Para ele, o ambiente mundial pessimista, de recessão econômica, puxará a economia brasileira para baixo. Pois a tendência é de queda da receita das exportações em todos os países pelo agravamento da economia dos Estados Unidos e de países da União Européia.

Isso inviabilizaria a expectativa do governo brasileiro de atingir crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 4,5%. “Será muito difícil atingir uma taxa de crescimento entre 4% e 4,5%, porque o nosso crescimento vai depender muito do que acontecer no mercado externo”, complementa.

Quanto ao dólar, Ribeiro, diverge do ex-presidente do BC ao acreditar que a alta do dólar deve perder força até dezembro e tende a se acomodar entre R$ 1,90 e R$ 2,05 até o fim do ano, quando o “pânico” dos investidores for minimizado e a economia real começar a sentir os impactos da crise.

“Essa crise não é passageira; ela não será apenas uma crise de Bolsas”. Para ele, a crise mundial deve durar entre dois ou três anos. Diante de tal cenário, o presidente do Ibef avalia que a inflação oficial de 2009, medida pelo IPCA, deve ficar dentro da meta estipulada pelo governo, oscilando entre 4,5% e 6,5%, o teto da meta.

O economista da OF Consultoria acredita que o índice deve ficar abaixo de 5%, seguindo as expectativas dos economistas consultados pela pesquisa Focus que, na última semana, estimaram inflação de 4,90%. O percentual supera a previsão da semana anterior, de 4,80%.

Ainda de acordo com avaliação do presidente do Ibef, a autoridade monetária deve manter a sua atual política de redução do recolhimento de compulsórios para dar fôlego a liquidez do sistema bancário que deve continuar afetada pela crise mundial. “Ainda existe resíduo para isso”, disse. Até agora, o Banco Central já liberou recursos de R$ 106 bilhões ao sistema financeiro dos recolhimentos dos compulsórios, de um valor de R$ 273 bilhões. Essa é a última posição do Banco Central, do dia 10 deste mês.

Ribeiro disse ainda que o BC deve começar a reduzir a taxa Selic já na próxima reunião do Copom, para não espantar os investimentos produtivos. O corte seria de 0,25 ponto percentual para 13,5% anuais.