Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Greve dos bancários afeta 3.000 agências, diz sindicato

Paralisação é por tempo indeterminado; federação dos bancos não informa nível de adesão

Sem acordo salarial, bancários decidem em assembléias realizadas ontem à noite manter movimento grevista

CLAUDIA ROLLI

DA REPORTAGEM LOCAL

A greve por tempo indeterminado dos bancários atingiu 3.000 agências e centros administrativos localizados em 89 cidades e regiões em 23 Estados e no Distrito Federal, segundo o Comando Nacional dos Bancários e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). A paralisação deve continuar hoje. A decisão foi aprovada em assembléias realizadas ontem à noite em todo o país.

Se considerado o número divulgado pelos sindicalistas, a adesão corresponde a 16,4% do total de agências do país, que, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), é de 18.308 -número do ano passado, de acordo com a entidade.

A federação dos bancos não fez estimativas de quantos funcionários cruzaram os braços em protesto ao impasse na negociações salariais. Mas informa que os números dos sindicatos são “superestimados”.

Em São Paulo, a adesão à greve chegou a 22% -26 mil funcionários dos 120 mil bancários que trabalham na capital, Osasco e região participaram da paralisação de ontem, que atingiu 682 locais (entre agências e prédios administrativos), de acordo com o sindicato da categoria. Apenas na capital paulista são 2.298 agências, segundo a federação dos bancos.

A mobilização foi maior no centro da cidade, com 134 agências paradas, e na região da avenida Paulista, com 105 atingidas pela greve. No Bradesco de Alphaville, local em que funciona a área de sistemas do banco, a paralisação durou cerca de três horas e envolveu cerca de 1.500 pessoas, segundo informa o Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Na zona leste pararam 174 agências -em média são 25 funcionários por local.

O sindicato de São Paulo informou ainda que também pararam 218 agências da Caixa Econômica Federal, 95 do Unibanco, 84 do Santander e 50 do Banco do Brasil.

O BB informou que o nível de adesão à greve é “parcial” no país. A Caixa Econômica Federal não informou se o movimento atingia suas agências.

“Hora errada”

Sem comentar o nível de adesão à greve dos bancários, Magnus Apostólico, coordenador de relações trabalhistas da Febraban, diz que “a greve é inadequada” e “ocorre em um momento errado, em que as preocupações são outras [crise financeira internacional]”.

Ele afirma ainda que “as negociações não estão bloqueadas” e que “os bancários têm de dizer o que querem, já que o reajuste de 7,5% não serve”, ao se referir à proposta dos bancos já rejeitada pela categoria.

Os bancários pedem 5% de aumento real (além da inflação de 7,15%), PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no valor de três salários mais R$ 3.500 fixos, além de outros benefícios. Os bancos ofereceram PLR no valor de 80% do salário, mais R$ 943,85 fixos (que já inclui os 7,5% de reajuste) -e uma parcela variável sobre o crescimento do lucro do ano passado para 2008.

“Enquanto não houver proposta digna aos trabalhadores, a greve continuará”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato. “Esse foi só o primeiro dia. Estamos preparados para ampliar a paralisação.”

Outras regiões

No Rio, balanço divulgado ontem à noite pelo sindicato dos bancários da cidade informa que a adesão à greve na cidade foi de “quase 100%”. Não foi informado o número de agências que ficaram fechadas ou de funcionários que deixaram de trabalhar.

No início da tarde, 350 agências do centro da cidade estavam paradas, somando um total de 4.000 bancários paralisados, segundo o sindicato.

Nos outros bairros do município, a paralisação atingiu “quase 100%” das agências da Caixa e do BB. Sobre os efeitos da greve em outros bancos, o sindicato não soube informar.

Vera Luiza Xavier, diretora do sindicato, diz que as reivindicações da categoria foram encaminhadas aos bancos ainda no mês de agosto. Ela também diz que a segurança das agências é motivo de preocupação para a categoria -embora não explique que medidas poderiam ser adotadas para proteger funcionários e clientes.

Além de São Paulo e Rio, também estão em greve funcionários em Brasília, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Piauí, Acre, Rondônia, Espírito Santo, Paraíba, Sergipe, Pará, Amapá, Maranhão, Rio Grande do Norte e Roraima.

Orientação

Com a greve, os bancos orientam os clientes a procurarem serviços de auto-atendimento ou fazer transações pelo telefone, pela internet ou nos correspondentes bancários espalhados pelo país -como casas lotéricas e supermercados. Mais informações nos sites (www.caixa.gov.br) e (www.bb.com.br) ou pelos telefones 0800 726 0101 (Caixa) e 0800 729 0001 (BB).