Escrito por Por: João Guilherme Vargas Netto*
Os jornalões de São Paulo não registraram, mas os metalúrgicos de Curitiba e seu sindicato obtiveram na terça-feira (9), dois dias depois da Independência, um dia depois da Natividade de Nossa Senhora e com seis dias de greve, o melhor acordo salarial do ano. Palmas também, outra vez, para a jornalista Cibelle Bouças do Valor Econômico que reportou corretamente o acontecido.
Vamos recapitular. Os metalúrgicos das montadoras do Paraná reivindicavam 5% de aumento real, mais a inflação até agosto. As empresas fizeram uma provocação com a contraproposta de míseros 0,5% de ganho real.
Com as greves a frente patronal foi quebrada e, de saída, a Volvo aumentou a oferta para 2,5% mais inflação e mais um abono de R$ 1.500, o que foi aceito pelos trabalhadores.
Logo em seguida a Nissan e a Renault fizeram o mesmo e os trabalhadores suspenderam suas paralisações. A Volkswagen manteve-se intransigente e os quatro mil trabalhadores continuaram parados.
Durante o fim de semana os metalúrgicos das montadoras de São Bernardo aceitaram a proposta final das empresas de 3,6% de aumento real e abono de R$ 1.450.
Na segunda feira, feriado religioso em Curitiba, os metalúrgicos da Volkswagen e o sindicato recusaram esta mesma proposta. Sabiam que podiam e queriam mais, embora constatassem a redução das vendas dos veículos em agosto. A teimosia deu certo.
A empresa cedeu e, além de manter os 3,6% mais inflação (o que soma 11,01% a ser pago em novembro) acrescentou um abono de R$ 2.000 a ser pago já e aceitou que o desconto dos dias parados fosse feito como compensação. A aprovação na assembléia foi unânime.
O gosto da vitória confirmou que a conjuntura é favorável para quem sabe e quer lutar.
(*) João Guilherme é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo