Por João Guilherme Vargas Netto
Em texto anterior destaquei a fase má do sindicalismo nas campanhas salariais em curso e exigi que se valorizassem os resultados positivos porventura alcançados.
É o que faço agora chamando a atenção para os resultados da campanha salarial dos bancários da CUT com data-base em 1º de setembro e uma das maiores do segundo semestre. A convenção coletiva foi assinada no dia 31 de agosto com vigência de dois anos.
Conseguiram um reajuste de 5% sobre os salários e a manutenção das cláusulas da convenção anterior, sobretudo aquelas em que não se obedece às determinações restritivas da lei trabalhista celerada.
Até mesmo os bancários considerados hipersuficientes (ou seja, aqueles que pelas determinações individualistas da lei, ao receberem acima de dois pisos do INSS, se colocavam à margem das negociações coletivas) foram abrangidos na convenção.
Levando-se em conta, com realismo, a conjuntura desfavorável (economia travada e constitucionalização da terceirização abusiva pelo STF, por exemplo) a vitória dos bancários e de sua rede sindical é uma grande vitória.
Ela merece a mais ampla divulgação vencendo a cortina de silêncio que tem imperado sobre ela na mídia grande e na própria mídia sindical.
A vitória, muito além de uma vitória de categoria, de central sindical ou de sindicato, deve ser valorizada por todo o movimento sindical como um indicador de possibilidade e um exemplo para todos (ainda que se refira a um setor econômico que tem passado ao largo da crise e se beneficiado dela, como a banca e os rentistas e a uma rede sindical que não foi sacrificada pelo exaurimento dos recursos financeiros).
O resultado obtido, mesmo que não tenha sido por meio de greve, ressalta a capacidade de mobilização e de organização das direções sindicais dos bancários da CUT no geral da categoria e nos grandes bancos públicos.
No fim das contas teve peso estratégico a capacidade de negociação das entidades sindicais que souberam garantir ganho real e resistência à lei celerada com o apoio da categoria.
João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores